20 de janeiro de 2006

Pausa Musical 2

Ricardinho no Corinthians. Traidor e mau-caráter. Uma Libertadores e a gente esquece .

18 de janeiro de 2006

Pausa musical 1

A atriz Luana Piovani escreveu em seu blog que havia lido Cem Anos de Solidão, do Gabriel Garcia Marquez. E afirmou: "Acabei de ler Cem Anos de Solidão, meu companheiro dos últimos seis meses", toda orgulhosa. Hmm, pelas minhas contas, vamos lá! O livro tem 380 páginas. Então, vai um, sobe dois.... hmmmm.... leu, em média, duas páginas por dia. Por isso que ela não vira evangélica (pegaram? pegaram?).

13 de janeiro de 2006

Horóscopo?

Sempre citam as metáforas escondidas por trás das letras do Chico Buarque. “Maninha”, “Apesar de Você”, “Cálice”, “Acorda, Amor” (essa é um pouco mais direta), “Roda Viva”, para ficar nas clássicas que se referem nas entrelinhas à ditadura brasileira.

Mas li uma teoria que nunca havia percebido. Que “A Rita” também se refere aos militares.

O sujeito que defende essa tese afirma que os versos são claros:

“A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais”

Ele ainda destaca que essa referência fica mais clara nos últimos versos:

"Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão"

(Deixar mudo o violão: a censura)

Ele também escreve isso aí abaixo, que sequer ouvindo essa música por 20 anos perceberia sozinho:

"’Levou seu re(tr)ato, seu (tr)apo, seu (pr)ato’ que concorda com (tr)ai. O som que emite a metralhadora ‘trrrrrrrr’”.

Bem, na verdade faz todo o sentido e faz sentido nenhum. O que me parece é que as músicas do Chico são como horóscopo de jornal. É possível dar a interpretação que quiser. E todas estarão certas.

7 de janeiro de 2006

Agora Falando Sério X Paratodos

A música sempre me deu alento pra maioria dos meus momentos importantes. Terminei o namoro? Não tem problema, afinal “o amor não tem pressa, ele pode esperar”. E já ficava mais calmo. Muitas brigas antes de terminar? Era só ouvir “Prometo te querer até o amor cair doente, doente. Prefiro então partir, a tempo de poder, a gente se desvencilhar da gente” e tudo se amenizava. Me achava todo errado? Então “Quando eu nasci veio um anjo safado, o chato do querubim” e ficava tudo uma beleza.

Pois bem. Há uns dois anos ouvi uma música do Chico Buarque, o maior fornecedor de alentos que conheço, chamada Agora Falando Sério (1969). Nela, Chico renega as próprias letras que escrevera. E afirma, categoricamente, que as letras de músicas são ‘uma mentira’ e não afastam mal algum. Ó a música aí embaixo (com notinhas entre parênteses):

Agora falando sério (como se tudo que havia escrito antes fosse brincadeira ou 'sacanagem')
Eu queria não cantar
A cantiga bonita
Que se acredita
Que o mal espanta
Dou um chute no lirismo
Um pega no cachorro
E um tiro no sabiá (em referência a Sabiá, a música que ele fez com Tom Jobim)
Dou um fora no violino
Faço a mala e corroPra não ver a banda passar (A Banda!)

Agora falando sério
Eu queria não mentir (humpf!)
Não queria enganar
Driblar, iludirTanto desencanto
E você que está me ouvindo
Quer saber o que está havendo
Com as flores do meu quintal?
O amor-perfeito, traindo
A sempre-viva, morrendo
E a rosa, cheirando mal
Agora falando sério
Preferia não falar
Nada que distraísse
O sono difícil
Como acalanto
Eu quero fazer silêncio
Um silêncio tão doente
Do vizinho reclamar
E chamar polícia e médico
E o síndico do meu prédio
Pedindo pra eu cantar
Agora falando sério
Eu queria não cantar
Falando sério
Agora falando sério
Preferia não falar
Falando sério

Primeiro fiquei triste. Pensando... “Porra, ele faz pouco caso do que ele próprio escreveu, por que eu vou gostar?”. Depois quis mais que se f#¨%#@ e continuei tomando posse das letras buarquianas pra mim (como quase todo mundo que o ouve, acredito).


Dois anos depois, enfim prestei atenção numa música e tive minha ‘vingança’. Fornecida pelo próprio compositor. Precisou de 24 anos, mas ele fez o favor de se contradizer (ou de se corrigir) ao escrever Paratodos (do disco homônimo, 1993).

Lá ele exalta a todos que usem a música contra todos os males. 'Creia, ilustre, cavalheiro. Contra fel, moléstia, crime. Use Dorival Caymmi, vá de Jackson do Pandeiro'.

Pra aumentar minha satisfação, ele continua com os imperativos: 'Fume Ari, cheire Vinícius,beba Nelson Cavaquinho'.

O arrependimento inconsciente (vindo dele, pode até ter sido consciente) deve ter sido grande, porque a exaltação à importância da música segue: 'Para um coração mesquinho contra a solidão agreste, Luiz Gonzaga é tiro certo, Pixinguinha é inconteste'.

Pronto! Agora tudo se ajeitou. Tudo bem que, em 1969, devia ser insuportável tocar pela enésima vez A Banda e manter aquela imagem de bom-moço. Foi um ato de rebeldia. Mas, agora falando sério, sou mais o Chico paratodos (por que eu sempre termino meus textos com um trocadilho ridículo?).