A canção, no entanto, foi composta originalmente por Tiso para
outro líder político. Era um dos temas instrumentais do documentário Jango,
do diretor Silvio Tendler, em homenagem a João Goulart, presidente deposto pelo
golpe militar em 1964.
Após o filme ganhar as telas de cinema, Milton decidiu pôr a
letra, fato incomum em sua carreira. Baseou-se em Edson Luís, um dos primeiros
estudantes mortos pela ditadura militar, em 1968. Os versos foram surgindo um a
um, naturalmente. Para batizar, lembrou-se de uma flor muito comum em Minas, a
coração-de-estudante. A novidade foi lançada durante as Diretas-Já, movimento
cujo um dos líderes era Tancredo. "Era o momento da campanha das Diretas e
ela começou a se tornar um hino da juventude", recorda Tiso.
A volta das
eleições diretas não foi aprovada, mas o político mineiro foi escolhido como o
novo presidente, o primeiro civil desde 1964. Porém, morreu antes de tomar
posse. Não houve matéria na tevê ou no rádio sobre Tancredo sem a canção como
fundo musical, que se encerra com a mistura de tristeza e esperança que
permeava o País naquele momento: Alegria e muito sonho / Espalhados no
caminho / Verdes, planta e sentimento / Folhas, coração / Juventude e fé.