22 de janeiro de 2007

Acertei no milhar

Espero que ninguém se irrite e nem me ache falso. Ultimamente ouvi muito a conversa de “o que faria se ganhasse os R$ 50 milhões da Mega Sena”, e sorri – e até mesmo entrei no papo – na maioria das vezes. Mas esse assunto é mais insuportável do que uva passa no arroz. “Colocaria tudo no banco e viveria de rendimentos”, dizem com ar sábio, de quem teve uma sacada genial, 94% das pessoas. E depois emendam: “Renderiam R$ 130 mil por mês” (na verdade, esse número varia de pessoa pra pessoa. Mas a média é essa).
Vivemos de frisons temáticos contagiosos. E até as obras do Metrô de São Paulo ruírem, esse era o assunto da moda. Todos queriam apostar para concorrer à bolada. “Tenho de jogar. São R$ 50 milhões”, e filas intermináveis se formaram nas lotéricas de todo o País. Não faz sentido algum. Por que não há filas quando o prêmio é de R$ 30 milhões, por exemplo? Realmente é uma psicologia complexa. “Ah, R$ 30 milhões, não. Vou esperar chegar aos cinqüentinha”.
Parece que não querem ser ricos. Mas, sim, os mais ricos. Mas, além de “colocar na poupança e viver de rendimentos", as pretensões não são altas. Os desejos mais comuns são viajar pra Paris, ter um carrão, comprar uma fazenda e até andar de táxi diariamente. Coisas que um milhãozinho resolveria fácil, e ainda sobraria troco pra dar um pulinho na Bahia. Também gostaria de ganhar, claro. Entretanto ainda não foi dessa vez que apostei. Ah, e o que eu faria caso acertasse os seis números? Como diria Moreira da Silva no clássico Acertei no Milhar (de Geraldo Pereira e Wilson Batista), “compraria um avião azul para percorrer a América do Sul”.