tag:blogger.com,1999:blog-200520702024-03-19T01:53:56.163-03:00Eu Quero um SambaA história e as histórias da música popular do Brasil.Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.comBlogger155125tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-83146654828718848602015-06-30T18:01:00.004-03:002015-06-30T18:04:23.032-03:00O samba em pessoa<div class="MsoNoSpacing">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Araci de Almeida passou a
vida associada à imagem de Noel Rosa e à jurada mal-humorada de Silvio Santos. Mas
foi muito além. A cantora do subúrbio carioca pôs a dor feminina no mapa da música
nacional e era reverenciada por quem a conheceu por trás do personagem.</span></i></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5zxP1eF6im-2blW3Vj8SXR8ifca6NtWO-kKJrX9H8MQPZcEX6yc3WMWmKdgeK-NWv8O7G1T0hCQqEWFOjs9lEazwKbdmXaDoe7OEZzxXhe4w-KjQvlweYpScu2bhsjvIrnsD9zA/s1600/AracydeAlmeidaCentenrio6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5zxP1eF6im-2blW3Vj8SXR8ifca6NtWO-kKJrX9H8MQPZcEX6yc3WMWmKdgeK-NWv8O7G1T0hCQqEWFOjs9lEazwKbdmXaDoe7OEZzxXhe4w-KjQvlweYpScu2bhsjvIrnsD9zA/s320/AracydeAlmeidaCentenrio6.jpg" width="269" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></i></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
jurada do programa de Silvio Santos era a rabugentice em pessoa. Espinafrava
calouros sem dó e não costumava dar mais do que “10 paus” (a premiação mínima)
até para os cantores que haviam caído nas graças do público, para depois
receber tremendas vaias das colegas de auditório do patrão. Essa é a imagem
mais disseminada no imaginário popular sobre Araci de Almeida. Ela era, porém,
muito mais do que isso. “Na verdade, tratava-se de uma personagem criada pela
cantora para atrair a atenção do telespectador. Ela sempre foi mesmo a mais
completa cantora do samba urbano carioca”, exalta o crítico musical Ricardo
Cravo Albin.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
fiel intérprete de Noel Rosa encantou gerações de ouvintes. Gravou três discos
com repertório exclusivo de Noel e foi figura decisiva para criar a idolatria que
há hoje pelo Poeta da Vila. Mas foi também além. A artista estreou a dor
feminina na música brasileira e era admirada até por Carmen Miranda, que
reconhecia nela a criadora de um estilo. Até Araci, só homens sofriam nas
canções. Cabiam às mulheres apenas o papel de ardilosas aproveitadoras. Quase
um ser sem desejos e opinião. Isso até Araci entoar, em 1935: <i><span style="background: white;">Nasci no
Estácio</span> / <span style="background: white;">Eu fui educada na roda de bamba</span>
/ <span style="background: white;">Eu fui diplomada na escola de samba</span> / <span style="background: white;">Sou independente, conforme se vê</span></i><span style="background: white;">...</span><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="background: white;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Durante a carreira de mais de 400 canções ganhou as alcunhas
de A Dama do Encantado, em referência ao bairro em que nasceu, e O Samba em
Pessoa. Era também admiradora de livros de psicanálise, de música clássica (com
especial atenção a Claude Debussy) e de pintura moderna. Uma figura difícil de
definir. Vinicius de Moraes arriscou: “Ninguém podia avaliar bem a riqueza
interior dessa menina – pois Araci nunca chegou a ficar realmente adulta – que
saiu da pobreza mais franciscana para a glória mais inconteste, sem nada perder
de sua sensibilidade, timidez e total desambição. Possui ela um tesouro de amor
que dá às escondidas, cheia de pudor de que a percebam em ato de amor".<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
preferida de Noel<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Araci
Telles de Almeida nasceu numa família de protestantes em 19 de agosto de 1914.
Logo os pais perceberam a propensão da garota ao canto. A mãe derretia-se ao
vê-la entoar hinos religiosos na Igreja Batista. Mal sabia que, às escondidas,
também soltava a voz em terreiros de candomblé e em escolas de samba. Nesses
ambientes, começou a ganhar uma boa malandragem.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
compositor Custódio Mesquita resolveu levá-la para um teste na Rádio Educadora
no Brasil em 1933. Um dos presentes na emissora era Noel Rosa, que se encantou
de imediato por seu timbre. A dupla estava feita. A primeira gravação de Noel
para a cantora foi Riso de Criança. Tornou-se sua intérprete preferida, ao lado
de Marília Baptista. “A Araci é a pessoa que interpreta com exatidão o que eu
produzo”, disse certa vez. Levaria aos discos 10 canções do amigo com ele vivo,
entre elas Palpite Infeliz, Triste Cuíca e Eu Sei Sofrer. A derradeira foi
Último Desejo, só lançada após a morte do Poeta da Vila, em 1937.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Sem
Noel, passou a gravar marchinhas carnavalescas, pouco para seu potencial. Até
que Ari Barroso, “meio de porre”, de acordo com ela, lhe entregou a letra de
Camisa Amarela. Novamente sua voz dava vida a um clássico da música brasileira:
<i>Encontrei o meu pedaço na avenida de
camisa amarela / Cantando a Florisbela, oi, a Florisbela</i>...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A punk do
Encantado<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
Dama do Encantando passou a gravar diversos outros compositores e fez uma
temporada na boate Vogue, em Copacabana, entre 1948 e 1952. Lá se tornou amigos
da intelectuais da zona sul carioca, como o jornalista Antonio Maria e Vinicius
de Moraes, que a tratavam como rainha. A longa temporada resultou em três
discos dedicados à obra de Noel Rosa. Um deles contou com arranjos de Radamés
Gnatalli e capa de Di Cavalcanti, considerado o primeiro álbum conceitual da
música brasileira. “Só acordaram para a grandeza de Noel graças a Araci”, diz o
escritor Ruy Castro.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">A
carreira de cantora começou a se esvair ao ser convidada para ser jurada do
programa <i>A Buzina do Chacrinha</i>. No
programa de Silvio Santos terminaria de cristalizar a imagem de jurada
mal-humorada. Questionada por que deixou a música de lado para ser apenas
jurada, explicou, com seu jeito debochado: “Eu sou preguiçosa, malandra, não
gosto de cantar. Para mim, dinheiro e glória não interessam. O meu negócio é ir
levando a vida”.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">O
sucesso e o glamour realmente pouco lhe importavam. O dinheiro que ganhava era
gasto em poucos dias, com presentes aos amigos. Uma verdadeira punk, como a
definia o fã Itamar Assumpção. Era como se soubesse que para sempre seria um
nome fundamental da cultura nacional. “Araci era um mito. Uma expressão pura e
autêntica da música popular brasileira”, afirmou o compositor Fernando Lobo. A
mesma opinião de Paulinho da Viola, que a considera a melhor cantora de samba
da história.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">No
início de 1988, foi acometida por um edema pulmonar. Recebia telefonemas
diários de Silvio Santos, preocupado com sua recuperação. Lutou contra a morte
até 20 de junho de 1988. Em seu
velório, milhares de pessoas entoaram a canção Não me Diga Adeus, que fizera
sucesso em sua voz 50 anos antes: <i><span style="background: white;">Não vá me deixar, por favor</span> / <span style="background: white;">Que a saudade é cruel quando existe amor</span> / <span style="background: white;">Quando existe amor</span></i><span style="background: white;">...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Jargão:</span></b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
“Dou 10 paus!”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Vida
matrimonial:</span></b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"> Não casou e não teve filhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Frases:</span></b><span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">“Esse negócio de dizer que sou especialista em palavrão não é
certo. Gosto é de gíria, apesar de reconhecer que existem palavrões lindos".</span></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-26489745939410711082014-09-10T18:40:00.002-03:002014-09-11T15:41:34.618-03:00A ditadura do bom gosto<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwwSPFEVnqICfbsz_zWJ2EgQwXFZlme0KfpZwmd04-Y4E5uDAqYfd1ZgDtwBYmPaukZ8rrie2KhrwzD7bwo44Jgd9vd7SKsMZBNt2vcvkD8pX96GZ1mPjqKqtekA8j2ZSg6FCUxA/s1600/romero_britto_osenhordascores_f_005.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwwSPFEVnqICfbsz_zWJ2EgQwXFZlme0KfpZwmd04-Y4E5uDAqYfd1ZgDtwBYmPaukZ8rrie2KhrwzD7bwo44Jgd9vd7SKsMZBNt2vcvkD8pX96GZ1mPjqKqtekA8j2ZSg6FCUxA/s1600/romero_britto_osenhordascores_f_005.jpg" height="167" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Deixa de onda e dá cá um abraço"</td></tr>
</tbody></table>
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Basta
andar por qualquer ambiente descolado para perceber que, para os freqüentadores
desses lugares, Romero Britto é hoje o símbolo maior do que o Brasil tem de cafona. Quase um inimigo nacional para a turma que não tira a
expressão “arte urbana” da boca. A origem desse ódio a arte popular de Romero
Britto – e de toda a arte popular de fato – é a Semana de Arte Moderna de 1922,
quando uma patota tão talentosa quanto elitista e antenada com o que acontecia no
mundo monopolizou para sempre o que seria considerado arte de bom-gosto no
Brasil.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O que era
para ser apenas mais uma corrente artística de valor tornou-se uma ditadura do
bom-gosto. O Modernismo jogou para a vala da breguice eterna e hereditária tudo
o que era produzido sem conceitos aparentes e, num primeiro momento, que servia
apenas ao entretenimento. E essa é uma das piores heranças do Modernismo: a
aversão ao entretenimento. Tudo o que tentou ser popular a partir de então ganhou a pecha de subcultura. Duvida?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hoje pode
soar cult, mas a produção cinematográfica da década de 1950 foi achincalhada na
época por ter a intenção de divertir multidões. Os filmes estrelados por Grande
Otelo e Oscarito eram considerados óbvios e popularescos. Ao ser perguntado se
achava ruim seus longa-metragens buscarem apenas a aceitação popular, Oscarito
– um gênio – saiu-se com essa: “</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Filme que não é aceito pelo público
algum defeito deve ter”.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="color: white;"><span style="background-color: white;">. </span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Outro
que sofreu com as críticas dos “entendidos” foi Anselmo Duarte. Um dos maiores
galãs do cinema nacional resolveu mudar de posição e se tornar diretor em 1957,
ao rodar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Absolutamente Certo</i>, um
sucesso estrondoso. “Como um galãzinho se mete a ser diretor de cinema?” era o
que mais se ouvia em rodas de cineastas. Ele só passou a ser visto com outros olhos em 1962 ao
ganhar a Palma de Ouro em Cannes por <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Pagador de Promessas</i>. Só ganhou respeito depois do aval dos franceses e
assim ganhar a carteirinha do clube do bom-gosto, antes exclusiva de quem se
metia com o Cinema Novo – que produziu filmes tão bons quanto sonolentos.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="color: white;"><span style="background-color: white;">. </span></span></span><br />
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</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O mesmo
se deu com o teatro moderno. A peça precursora é Vestido de Noiva, escrita por
Nelson Rodrigues e dirigida por Zbigniew Ziembinski, que ganhou os tablados em
1943. Dali em diante, ou um jovem diretor enveredava pelo teatro moderno, com
discussões estéticas sobre “a problemática nacional”, ou era jogado no limbo
pesado da cafonice. E ninguém quer ser considerado cafona. Nelson Rodrigues, ele próprio,
figura fundamental para o surgimento do teatro moderno, escreveu mais tarde,
com a sensibilidade que só os profetas têm: “N</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">ão sei se notaram, mas o nosso
teatro anda inteligentíssimo e de uma inteligência insuportável. Nem sempre foi
assim. Por toda a Belle Époque e até 1930, o teatro não pensava. Cada qual
fazia as coisas simples e profundas no seu métier. O ator começava e acabava no
palco. Cá fora, na vida real, babava fisicamente na gravata. A atriz, idem. E o
contrarregra não passava de contrarregra. Por isso mesmo, o teatro chegava mais
depressa e com um impacto mais firme e mais puro ao coração do povo”.</span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><span style="color: white;">. </span></span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No campo
musical, então, o preconceito se viu de forma bem mais nítida e cruel. Os
cantores populares nacionais antes do início da bossa nova arrastavam multidões
com seus dó-de-peito e com a emoção escorrendo em cada nota musical. O
surgimento da bossa representou “uma pernada na era boleral”, como escreveu o
maestro Rogério Duprat. Essa pernada, porém, quase provocou a extinção dos
antigos cantores. O violonista Yamandú Costa afirmou recentemente: “João Gilberto
acabou com a maneira de o homem brasileira cantar”. É verdade. E não é culpa de
João Gilberto. A dureza é que, a partir dele, seu estilo ter se tornado o único
caminho possível ao estar à frente do microfone.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A bossa e
seus filhos diretos – os artistas da Era dos Festivais – também criaram um
hiato na carreira de grandes músicos. Pode conferir: Adoniran Barbosa, Jackson
do Pandeiro, Silvio Caldas e tantos outros desapareceram do cenário artístico
durante a década de 1960. Só não foi uma ditadura total porque a tevê começou a
resgatar os artistas populares de fato. A televisão, na qual o Modernismo nunca
teve vez, salvou a pluralidade da cultura nacional.</span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: white;"><span style="background-color: white;"> </span></span></span></div>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="color: white;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.</span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Mas tudo
cíclico. Os modernos do passado desprezavam Silvio Caldas, Luiz Gonzaga e
Oscarito e hoje o trio é obrigatório para qualquer cidadão de bom senso. Não à
toa há tanta gente descolada cantando Raça Negra nos karaokês de agora.
Primeiro, renegam. Depois percebem a própria tacanhice. E nem pedem
desculpas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="color: white;">. </span></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Após toda
essa epopeia, chegamos ao preconceito atual a Romero Britto. O que o artista
pernambucano faz é arte pop. E toda e qualquer arte pop é mais popular (opa,
que coisa) que a arte mais sofisticada e intimista. As pessoas podem não gostar
dele, achá-lo óbvio e colorido demais, crer que sua arte serve apenas para
enfeitar lares. Tudo bem. O problema é o ódio contra alguém que ganha dinheiro
fazendo algo que gosta e que tem uma história de vida bonita. Um dia, as
turminha cult perceberá o quão patética é sua aversão ao artista plástico
brasileiro mais conhecido no mundo, assim como aconteceu com tanta gente da
história do País. E vão perceber que a sua
galeria-de-arte-urbana-orgânica-conceitual não vive às moscas por causa de
Romero Britto.</span></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-28563103628140720542014-08-05T03:11:00.001-03:002014-08-05T03:11:26.999-03:00Maldito, não. Revolucionário.<div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-size: 18.0pt;"><br /></span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;"><i>Durante toda a carreira Itamar Assumpção ouviu que era um “artista maldito”, afirmação
que o incomodava. Mas sempre fez os discos exatamente como quis, sem ceder um
milímetro às pressões da indústria fonográfica. Ajudou a criar um dos movimentos
musicais mais importantes de São Paulo. Ao mesmo tempo vanguardista e
respeitoso à obra de grandes artistas do passado, nunca foi totalmente entendido
pelo público. “Itamar foi uma pessoa tão desperdiçada. Isso ficará evidente
mais tarde”, profetizou o parceiro Arrigo Barnabé.</i></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhScuxRNZ-25vaYU0TIMkA2igW9e4e7O2xjqTgj0zdUzcXj-8Qub7OdPyoM4Z9oYS1RVu-BFFOcrHIA9mp3cO4j_p11HAhLuMOT8bvIga8WYSbqsrgDBv2GZ6oWt2uqN5CuduT08Q/s1600/itamar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhScuxRNZ-25vaYU0TIMkA2igW9e4e7O2xjqTgj0zdUzcXj-8Qub7OdPyoM4Z9oYS1RVu-BFFOcrHIA9mp3cO4j_p11HAhLuMOT8bvIga8WYSbqsrgDBv2GZ6oWt2uqN5CuduT08Q/s1600/itamar.jpg" height="180" width="320" /></a></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"> </span><span style="color: #2a2a2a;">“As pessoas não entendem e
afirmam que sou maldito. O fato de eu não me entregar às abobrinhas musicais
resulta em uma série de rótulos equivocados sobre mim”. Itamar Assumpção tinha
total aversão a fama de artista marginal que o senso-comum havia lhe imposto.
Ao mesmo tempo, negava-se a jogar pelas regras das grandes gravadoras. “A<span class="ecxapple-converted-space"> </span><span style="background: white;">música
é meu patrimônio e eu mando na minha carreira.<span class="ecxapple-converted-space"> </span></span>Maldito, não. Sou um
revolucionário”.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;"> </span><span style="color: #2a2a2a; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt;"></span>
</div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Desde que agitou a cena musical
paulistana em 1980 com<span class="ecxapple-converted-space"> </span><i>Beleléu,
Leléu, Eu</i>, até lançar o amargurado<span class="ecxapple-converted-space"> </span><i>Preto
Brás</i>, em 1998, suas músicas nunca figuraram entre os<span class="ecxapple-converted-space"> </span><i>hit parade<span class="ecxapple-converted-space"> </span></i>das rádios FMs. Fato que lhe dava
uma mistura curiosa de orgulho e dissabor. O grande público tinha uma
dificuldade danada de entendê-lo. Talvez porque tentar compreender fosse uma
missão inútil.<span class="ecxapple-converted-space"><span style="background: white;"> </span></span>“Itamar
tinha parceria com o demônio da palavra musicada: apenas começava a cantar, e a
música continuava sozinha, no ar”, afirmou José Miguel Wisnik. Já para outro
parceiro, Naná Vasconcelos, “as músicas de Itamar são mantras. Chegava ao auge
da sabedoria com simplicidade. Era o astro do intelecto”.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">O músico elegante e melancólico se
tornou uma das mais perfeitas traduções musicais de São Paulo. “Por oposição,
se pode compará-lo com Jorge Ben. A música dos dois é comunicativa. Mas Jorge é
alegre, do dia, e Itamar era mais amargo, da noite’, explicou o grande parceiro
Arrigo Barnabé.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<b><span style="color: #2a2a2a;">Do teatro londrinense à Varguarda Paulistana</span></b></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Apesar da identificação com São
Paulo, Francisco José Itamar de Assumpção nasceu na interiorana Tietê em 1949.
O neto de escravos angolanos aprendeu a tocar atabaque no quintal de casa. “Sou
um negro brasileiro legítimo. Descendente de escravos, conhecedor da cultura
africana e filho de pai de santo”.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Aos 12 anos mudou-se para a
paranaense Arapongas. Na adolescência apaixonou-se pela música de Jimi Hendrix
e aprendeu a tocar guitarra sozinho. Chegou a se matricular na faculdade de
Contabilidade, mas decidiu largar tudo para se dedicar ao teatro na vizinha
Londrina. Em uma peça, em que fazia o papel de Tiradentes, estava no plateia um
jovem londrinense chamado Arrigo Barnabé. Tornaram-se amigos e parceiros
musicais. Quando Barnabé decidiu se mudar para São Paulo, em 1973, convidou Itamar.
Ambos se tornariam paulistanos por toda a vida.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Na cidade, envolveu-se definitivamente
com música. Ao lado de Barnabé, grupo Rumo e Premeditando o Breque, inaugurou um
movimento musical conhecido como Vanguarda Paulistana, notória pela alta dose
de experimentalismo e pela independência da indústria fonográfica, fato até
então incomum. Em 1980 surgia<span class="ecxapple-converted-space"> </span><i>Beleléu,
Leléu, Eu</i>, o primeiro e elogiado disco de Itamar. Dentro do mesmo elepê
apareciam influências de tropicália, funk, samba, soul, poesia concreta e
música erudita. Foi considerado pela revista <i>Rolling Stones</i> um dos 100 melhores discos da história do País. O sucesso, porém, ficou restrito a pequenos grupos.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<b><span style="color: #2a2a2a;">Amor pelas orquídeas</span></b></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Ao mesmo tempo em que vivia ao
lado dos “descolados” e universitários de São Paulo, recusava-se a se mudar do
bairro da Penha, na zona leste, então uma região pouco valorizada da
capital. Em Nobody Knows, cantou, em inglês:<span class="ecxapple-converted-space"> </span><i>Ela
me abandonou / Porque moro no lado leste da cidade<span class="ecxapple-converted-space"> </span></i>(...)<span class="ecxapple-converted-space"><i> </i></span><i>O lado leste é meu santuário</i>.
No quintal de sua casa penhense dedicava-se à outra paixão: cuidar de plantas e
flores, com dedicação especial às orquídeas.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Itamar gostava de ironizar a
condição de artista marginal. Lançou durante os anos 1980 discos batizados como
<i>Às Próprias Custas S/A</i> e <i>Intercontinental! Quem Diria! Era Só o Que
Faltava!!!</i>, este último produzido pela Continental, a primeira e única vez
que lançou um disco por uma grande gravadora.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span class="ecxapple-converted-space"><span style="background: white; color: #2a2a2a;">No começo dos anos 1990 convidou
oito mulheres para criar um novo grupo musical. Lembrou-se de seu amor pelas
flores e batizou-as de Orquídeas do Brasil. Ao lado das moças lançou uma
trilogia de discos considerada histórica: </span></span><i><span style="background: white; color: #2a2a2a;">Bicho de Sete Cabeças</span></i><span style="background: white; color: #2a2a2a;">, com o qual conquistou Prêmio Sharp de
Melhor Disco de Pop/Rock. Logo depois, lançou um álbum inteiramente dedicado à
obra de Ataulfo Alves, um dos seus ídolos musicais.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<b><span style="background: white; color: #2a2a2a;">“Sofrer vai ser a minha última obra”</span></b></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="background: white; color: #2a2a2a;">Apesar da
qualidade de <i>Bicho de Sete Cabeças</i> e
de <i>Ataulfo Alves por Itamar Assumpção</i>,
a fama de maldito não saia de si. O próximo disco, <i>Preto Brás</i>, soou como um desabafo do artista que se amargurava pela
falta de entendimento do público.</span><span style="color: #2a2a2a;"> “O
resultado foi uma raiva expostas como ferida abertas no iracundo <i>Preto Brás</i>”, escreveu o jornalista Pedro
Alexandre Sanches.</span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;"><b><span style="background: white;"></span></b></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="color: #2a2a2a;">Na mesma época descobriu estar
com câncer. Manteve a rotina de shows nos intervalos das internações, compunha
para dois novos discos individuais e outro em parceria com Naná Vasconcelos –
que se chamaria <i><span style="background: white;">Vasconcelos e Assumpção
- Isso Vai Dar Repercussão</span></i><span style="background: white;">. Não chegou a ver o resultado de nenhuma das obras. Morreu em <b>12 de junho de 2003</b>, aos 53 anos.
“Itamar foi uma pessoa tão desperdiçada. Isso ficará evidente mais tarde”,
lamentou Arrigo Barnabé.</span></span></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="ecxmsonormal" style="background: white; line-height: 18.0pt;">
<span style="background: white; color: #2a2a2a;">Em um dos seus últimos shows, contou com bom-humor sobre o tormento da
doença e o medo da morte. Depois, virou Itamar Assumpção, com a mesma aspereza
delicada de sempre, e cantou uma música que fez com Paulo Leminski quando a iminência
da morte já lhe fazia companhia diariamente: </span><i><span style="color: #2a2a2a;">Um
homem com uma dor / É muito mais elegante / Caminha assim de lado / Como se
chegando atrasado / Andasse mais adiante (...) Ópios, edens, analgésicos / Não
me toquem nesse dor / Ela é tudo o que me sobra / Sofrer vai ser a minha última
obra</span></i><span style="color: #2a2a2a;">.</span></div>
</div>
<br />Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-78257316939046358052014-05-06T13:50:00.000-03:002014-05-06T14:02:12.665-03:00Explicador do povo brasileiro<div style="text-align: left;">
Bem humorado e carismático, Darcy Ribeiro foi um dos intelectuais mais importantes da história do</div>
<div style="text-align: left;">
País e figura decisiva para desnudar a alma nacional. Na teoria e na prática. O mineiro de Montes</div>
<div style="text-align: left;">
Claros dedicou boa parte de sua trajetória à causa indígena e à educação do povo. Viveu em tribos e,</div>
<div style="text-align: left;">
em 1961, redigiu o texto da criação do Parque Nacional do Xingu. Foi o criador e o primeiro reitor</div>
<div style="text-align: left;">
da Universidade de Brasília. Entusiasmado pela política, tornou-se ministro da Educação e, em seguida, chefe da Casa Civil de João Goulart. Sabia que era pela política que teria condições de revolucionar o ensino nacional. O golpe militar de 1964 interrompeu esse sonho. Na volta do exílio, como vice-governador do Rio, criou os Centros Integrados de Educação Pública, CIEPs, escolas de educação integral que se tornaram modelos. Pouco antes de morrer, em 1997, publicou obra-prima fundamental para entender o Brasil: O Povo Brasileiro, fruto de um trabalho de mais de 30 anos. Na edição de comemoração de 15 anos do Almanaque Brasil, decidimos resgatar livros, entrevistas e artigos de Darcy para criar uma entrevista póstuma com uma das personalidades mais conhecedoras e entusiasmadas pelo Brasil de que se tem notícia. Uma entrevista com o homem que tinha uma certeza inabalável: “Uma das coisas mais belas do mundo foi a aventura do Brasil fazer a si mesmo”.</div>
<div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAUXeaNQCdxBymHgq646PRNB_THXYepUgmVvx0IlcdEqTeGpUXWSwUCN_3Pzv9CWWvK0vmUT1NDwDnQuU4YtXD8iTo0nR6i66Y6XbyOPr5tqWT1otmZ9tkOz4J7iCEKOvt6esI5w/s1600/darcy-ribeiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAUXeaNQCdxBymHgq646PRNB_THXYepUgmVvx0IlcdEqTeGpUXWSwUCN_3Pzv9CWWvK0vmUT1NDwDnQuU4YtXD8iTo0nR6i66Y6XbyOPr5tqWT1otmZ9tkOz4J7iCEKOvt6esI5w/s1600/darcy-ribeiro.jpg" height="216" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>O que mais chama a sua atenção no Brasil e no brasileiro?</b> </div>
<div style="text-align: left;">
Este é um povo que constitui um novo gênero humano. Não tem novidade nenhuma fazer a Austrália ou o Canadá, por exemplo. Basta pegar um bocado de ingleses e escoceses, jogar num terreno vazio que eles fazem uma Inglaterrazinha sem graça. Mas fundir herança genética e cultural indígena, negra e europeia num</div>
<div style="text-align: left;">
gênero humano novo, numa coisa nova, que nunca houve, essa é a aventura brasileira. Nós</div>
<div style="text-align: left;">
fizemos um povo. Um povo capaz de herdar 10 mil anos de sabedoria indígena, de adaptação ao</div>
<div style="text-align: left;">
trópico e fazer uma civilização tropical. Somos a nova Roma. E por que nova Roma? Porque somos</div>
<div style="text-align: left;">
a maior massa latina. Nós somos melhores, porque lavados em sangue negro, em sangue índio,</div>
<div style="text-align: left;">
melhorado, tropical. Os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente,</div>
<div style="text-align: left;">
pertencente a uma mesma etnia. A convicção a que chego é que uma das coisas mais belas do</div>
<div style="text-align: left;">
mundo foi a aventura do Brasil fazer a si mesmo.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>O que falta para o Brasil alcançar toda a sua potencialidade?</b><br />
Uma das coisas é que temos que dar um jeito nessa classe dominante medíocre. É uma figura terrível a brutalidade, a incapacidade e a mediocridade dessa classe. Aqui o que ela fez é enriquecer e ter vantagens para si própria, ainda hoje. O Brasil moeu e liquidou seis milhões de índios e 12 milhões de negros africanos para quê? Para adoçar a boca dos europeus com açúcar, para enriquecê-los com o ouro de Minas Gerais. A nossa classe dominante tem que aceitar que o Brasil realize suas potencialidades de uma nova civilização, de uma nova Roma.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>O País foi formado por indígenas, portugueses, africanos e, depois, por imigrantes de todos os </b></div>
<div style="text-align: left;">
<b>cantos. Qual foi o primeiro grupo a sentir-se brasileiro de fato?</b><br />
O primeiro brasileiro consciente de si foi, talvez, o mameluco, esse brasilíndio mestiço na carne e no espírito, que não podendo identificar-se com os que foram seus ancestrais americanos – que ele desprezava –, nem com os europeus – que o desprezavam –, e sendo objeto de mofa dos reinóis e dos luso-nativos, via-se</div>
<div style="text-align: left;">
condenado à pretensão de ser o que não era e nem existia: o brasileiro. Através dessas oposições e de um persistente esforço de elaboração de sua própria imagem e consciência como correspondentes a uma entidade étnico-cultural nova, é que surge, pouco a pouco, e ganha corpo a brasilianidade.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>Como definiria a importância da cultura africana para a criação do Brasil?</b><br />
Toda a cultura brasileira está impregnada dessa herança africana que se expressa com maior vigor nas áreas onde o negro mais se concentrou. Às vezes, é tamanha, que faz da Bahia, do Rio de Janeiro e de Minas</div>
<div style="text-align: left;">
verdadeiras províncias culturais negras, nas quais a criatividade africana se expressa gloriosamente. O Carnaval do Rio, o candomblé da Bahia, o culto a Yemanjá, são, acho eu, as matrizes mais vigorosas da cultura brasileira. E vão continuar sendo, porque neles a negritude não é um folclore ou uma mera sobrevivência cultural. São criações de comunidades morenas viventes que perpetuam seus valores ancestrais africanos, precisamente porque os vivem e os transformam continuamente.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>O senhor viveu em várias tribos indígenas e ajudou a criar o Parque Nacional do Xingu. O </b></div>
<div style="text-align: left;">
<b>que mais o fascina na cultura indígena?</b><br />
Meditando, agora, sobre esse meu sentimento de fascinação, tantos anos depois, descubro que me encantava nos índios, primacialmente, sua dignidade, inalcançável para nós, de gente que não passou pela mó da estratificação social. Não tendo sido nem sabido, jamais, de senhores e escravos, nem de patrões e empregados, ou de elites e massas, cada índio desabrocha como um ser humano em toda sua inteireza e individualidade. Pode, assim, olhar o outro e ser visto por todos como um ser único e irrepetível. Um ser humano respeitável em si, tão só por ser gente de seu povo. Creio que lutamos pelo socialismo por nostalgia</div>
<div style="text-align: left;">
daquele paraíso perdido de homens vivendo uma vida igualitária, sem nenhuma necessidade ou possibilidade de explorar ou ser explorados, de alienar-se e de ser alienados.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>O senhor defende que o Brasil deve ter um socialismo próprio, um "socialismo moreno". </b></div>
<div style="text-align: left;">
<b>Como se daria esse sistema?</b><br />
A posição socialista é a posição dos que querem passar o Brasil a limpo, no sentido de fazer com que o Brasil se torne habitável, para que todos os brasileiros tenham os mínimos indispensáveis. Mínimos a partir dos quais nós passaríamos a existir como povo civilizado entre outros. Esse mínimo é o socialismo brasileiro. E um socialismo brasileiro surgirá de nossa história, com a nossa carne e com a nossa cor, morena. Um socialismo brasileiro começa por assumir o povo moreno que nós somos, mas sobretudo a nossa pobreza. Assumir essa pobreza sabendo que ela dá lucro para muita gente. Muita gente quer que o país continue assim. Nós somos contra isso.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
“NÃO TEM NOVIDADE FAZER A AUSTRÁLIA OU O CANADÁ. BASTA PEGAR UM</div>
<div style="text-align: left;">
BOCADO DE INGLESES, JOGAR NUM TERRENO VAZIO, QUE ELES FAZEM UMA</div>
<div style="text-align: left;">
INGLATERRAZINHA SEM GRAÇA. NÓS FIZEMOS UM POVO.”</div>
<div style="text-align: left;">
<b><br /></b>
<b> O senhor poderia ter passado a vida apenas como intelectual. Por que decidiu arriscar-se na </b></div>
<div style="text-align: left;">
<b>vida política?</b><br />
Política é a atividade humana fundamental. É aquilo que move o destino humano. É o que define o que vai acontecer com comunidades. É vitalmente importante. Há países que deram certo, por coincidência da história ou por competência deles, que não confiam em intelectuais. A Inglaterra não dá a menor confiança para intelectual, nem para sociólogo, antropólogo ou psicólogo. A Alemanha e os Estados Unidos também não. Mas os países que não deram tão certo tem que dar um pouco de atenção.</div>
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<br /></div>
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<b>Por isso a sua crítica aos acadêmicos pouco afeitos à política?</b><br />
A Escola de Sociologia e a Faculdade de Filosofia nos tiravam da revolução e nos metiam a estudar arte plumária kaapor ou a reconstituir as guerras tupinambá de antes de 1500. Dopados, doutrinados sem o saber, estávamos empolgadíssimos com as tarefas que nos levariam a um cientificismo que se esgotava como uma finalidade em si, desligado de qualquer problemática social e nacional.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>Mas esses estudos citados, por exemplo, não são importantes? </b><br />
Acho muito legítimo estudar qualquer tema só movido pelo desejo de saber. Afinal, nosso ofício de cientistas tem por fim ampliar e melhorar o discurso humano sobre a natureza das coisas, inclusive de si próprios. O que desejo assinalar é o caráter alienador de uma escolástica científica que fechava nossos olhos para o contexto circundante, que nos desatrelava do ativismo político para fazer de nós futuras eminências intelectuais e acadêmicas. A soma de ativismo político com a herança brasilianista e o interesse pela literatura impediram que eu me convertesse num acadêmico completo, perfeitamente idiota. Desses que só servem para por ponto e vírgula nos textos de seus mestres estrangeiros.</div>
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<br /></div>
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<b>Considera O Povo Brasileiro a sua maior obra?</b><br />
Escrever esse livro foi o desafio maior que me propus. Por mais de 30 anos eu o escrevi e reescrevi, incansável. Nunca pus tanto de mim, jamais me esforcei tanto como nesse empenho, sempre postergado, de concluí-lo. Ultimamente essa angústia se aguçou porque me vi na iminência de morrer sem concluí-lo. Fugi do hospital aqui para Maricá, para viver e também para escrevê-lo. Se você, hoje, o tem em mãos para ler, em letras de forma, é porque afinal venci, fazendo-o existir. Por que só agora o retomo, depois de tantos,</div>
<div style="text-align: left;">
tantíssimos anos, em que me ocupei de tarefas mais variadas, fugindo dele? Não sei! Não foi para descansar, certamente. Foi para me dar outras tarefas. Entre elas, a de me fazer literato e publicar quatro romances. Nessa longa travessia, também politiquei muito, com êxito e sem êxito, aqui e no exílio, e me dei a fazimentos trabalhosos, diversos. Inclusive vivi, quase morri.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
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<b>Quem são seus ídolos? </b><br />
Eu tenho dois alter egos. Um, meu santo-herói, Cândido Rondon. Outro, meu santo-sábio, Anísio Teixeira. Cada qual de sua causa, que foram ambas causas minhas. Foram e são: a proteção aos índios e a educação do povo. Em educação, Anísio representou para mim o que fora Cândido Rondon em outro tempo e dimensão. Baixinho, irrequieto, falador, mais cheio de dúvidas de que de certezas, de perguntas que de respostas. Anísio me ensinou a duvidar e a pensar. Ele dizia de si mesmo que não tinha compromisso com suas ideias, o que me escandalizava, tão cheio eu estava de certezas. No caso de Rondon, fiquei galvanizado instantaneamente por sua bela figura índia, pela dignidade de sua fisionomia, pela energia de seu olhar, pela naturalidade de seu mando. Fiquei atado a Rondon pela vida inteira.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: left;">
“TENHO DOIS ALTER EGOS. MEU SANTO-HERÓI, CÂNDIDO RONDON, E MEU</div>
<div style="text-align: left;">
SANTO-SÁBIO, ANÍSIO TEIXEIRA. CADA QUAL DE SUA CAUSA, QUE FORAM E SÃO</div>
<div style="text-align: left;">
MINHAS: A PROTEÇÃO AOS ÍNDIOS E A EDUCAÇÃO DO POVO.”</div>
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<br /></div>
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<b> Como resumiria sua atuação política pela educação?</b><br />
Deixe-me dizer aqui que me considero um educador bem-sucedido. Não só por méritos meus. Mas porque soube encontrar poderosos com a grandeza de adotar minhas ideias. O primeiro foi Jânio Quadros, convencido por Anísio e por mim a fazer da educação a meta fundamental de seu governo. Chegamos a detalhar um belo programa para ele, que não cumpriu tudo sabem por quê. Mais êxito tive com Leonel Brizola, que comprou a mais velha ideia e sonho dos educadores brasileiros, que era criar aqui a escola primária que todo o mundo tem, a de tempo integral, sem recair nessa perversão que são as escolas de turno. Junto com Brizola fiz 500 CIEPs, em que poderão ser educadas 500 mil crianças, que representam mais de uma terça parte do alunado do estado do Rio.</div>
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<br /></div>
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<b>O senhor nunca casou ou teve filhos, mas sempre levou fama de conquistador. Considera boa </b></div>
<div style="text-align: left;">
<b>a opção?</b><br />
Cada pessoa devia amar todos os amores de que fosse capaz. Sucessivamente, em amores apaixonados, cada um deles vivido e fruído como se fosse eterno. Para amar é que eu quisera viver mais e mais. O amor é a mais funda, mais sentida e mais gozosa e mais sofrida das vivências humanas. Aos olhos das moças de hoje, sou um velho. Sou mesmo e isso me dói muito demais. Quisera o impossível de ser confundido com a rapaziada de agora, felizarda.</div>
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<br /></div>
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<b>Acredita em Deus? </b><br />
É claro. Seria uma soberba, uma prepotência não acreditar. Eu posso dizer que não posso provar que Deus existe, posso dizer que Deus está em dívida comigo, tem que me acender a fé, mais veemente. Não sou religioso praticante. Por isso Deus tinha que me iluminar o peito com a fé. Fé não é a razão que leva. Fé militante, combativa, é Deus que ilumina no coração dos homens.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>Por falar em soberba, já houve quem o chamou de vaidoso... </b><br />
É verdade. E daí? Estou cheio de razões do que fiz em minha vida inteira para orgulhar-me de mim. Confesso que necessito e gosto demais de elogios. Sobretudo dos redondos, retumbantes, como o de Márcio Moreira Alves dizendo "que a coisa mais parecida com gênio que existe no Brasil é o Darcy". Ou dos que recebi de Adolpho Bloch, Carlos Drummond de Andrade, Oscar Niemeyer, Gabriel García Márquez. Gosto também dos elogios menores, de mulher dizendo que sou bonito e gostosão. De homens me ouvindo com admiração. Gosto até das adulações. Um bom puxa-saco é coisa apreciável.</div>
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<br /></div>
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<b>Olhando para trás, qual o balanço que faz de sua trajetória?</b><br />
Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Detestaria estar no lugar de quem me venceu.</div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
<b>Como vislumbra o futuro do Brasil?</b><br />
O Brasil já é a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio de tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso auto-sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.</div>
<div>
<br /></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-80425712387980885412013-09-05T20:13:00.001-03:002013-09-05T20:13:29.474-03:00"Quando alguém diz ‘nóis vai’ é que nós vamos. E vamos mesmo"<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 21.75pt; margin-bottom: 1.35em;">
<i style="line-height: 16.5pt;">Sérgio Vaz precisou ultrapassar obstáculos invisíveis (e outros nem tanto) para mostrar que a periferia também gosta de se comunicar por meio de poesia. Há 12 anos comanda a Cooperifa, o sarau que mudou a rotina da zona sul de São Paulo com versos, rimas e literatura.</i><span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
“Para quem o pessoal da periferia precisa pedir autorização para escrever? Para a Academia Brasileira de Letras?”. É de forma provocativa que Sérgio Vaz, 49 anos, rebate aos que ainda insistem em achar estranho uma empregada doméstica, um lixeiro ou um mecânico dedicar um tempo do dia para colocar poesia no papel. Não há, porém, um pingo de ressentimento em sua voz. O homem que está à frente do sarau de periferia mais importante do Brasil há 12 anos nunca precisou pedir autorização a ninguém para escrever a própria trajetória. Apenas se impôs.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
O Sarau da Cooperifa ocorre toda quarta-feira no bar Zé Batidão, na zona sul de São Paulo, e é disputado. Costuma reunir 200 pessoas por edição. Já chegou a 500. Os microfones estão abertos a poetas de todos os estilos e níveis. O evento angariou o pessoal da região e também espectadores da classe média, que cruzam a cidade para ouvir o que eles têm a dizer. A Cooperifa ainda promove ações como exibições de filme, saraus em escolas públicas, apresentações de música e arte cênica. Tudo de graça. Pelo trabalho inovador, a instituição ganhou o prêmio Educador Inventor, concedido pela Unesco.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Para Sérgio, o segredo do sucesso da Cooperifa é a simplicidade com a qual foi criada. “Para entrar no sarau, Jorge Amado, Adélia Prado, Pablo Neruda precisam tirar o sapato. A poesia que pediu licença para entrar na vida das pessoas. Não as pessoas pediram licença para ter acesso à poesia. A ordem se inverteu. No bom sentido, a poesia foi tratada como uma arte qualquer”.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Hoje, há saraus inspirados na Cooperifa em lugares diferentes entre si como Salvador e Porto Alegre, Belo Horizonte e Arcoverde. “Nós não somos um movimento para escritores. Somos um movimento para criar leitores”, explica.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
<b>Alimentos e livros</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
A infância de Sérgio Vaz foi muita parecida com a de outros jovens de periferia. Os poucos espaços que havia para desenvolver suas potencialidades era o campo de futebol, a rua e a igreja. No seu lar, porém, havia outro bem também valioso. “Apesar da simplicidade, na minha casa nunca faltou nem alimentos e nem livros”. Era observando o pai, dono de bar e leitor contumaz, que começou a achar que ler poderia ser algo bacana. Tinha 14 anos quando abriu o primeiro livro, <i>Eram os Deuses Astronautas?</i>, do suiço Erich von Däniken. A experiência não foi das melhores: “Não entendi nada”. Seu pai observou o filho de livro aberto, se entusiasmou e resolveu comprar publicações infanto-juvenis para o garoto. Nascia um leitor.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2lO-wgo5EDR4rRd_Z0CVBqDuLR9zUIskjluEyvytp8-rEgfXO3h-Aj27RuEJeRnzqM-oNukIa-iY0vtDo1Mt9AJ52FbrN2AaHW3_Ml9_J0WLN2O5h2yN9Rn0y97NwUZlqui-Rcg/s1600/Sergio-Vaz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2lO-wgo5EDR4rRd_Z0CVBqDuLR9zUIskjluEyvytp8-rEgfXO3h-Aj27RuEJeRnzqM-oNukIa-iY0vtDo1Mt9AJ52FbrN2AaHW3_Ml9_J0WLN2O5h2yN9Rn0y97NwUZlqui-Rcg/s320/Sergio-Vaz.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Um pouco mais velho – e mais experimentado na literatura –, resolveu achar um espaço para sua turma realizar apresentações artísticas, em literatura, música, dança, artes cênicas ou qualquer outra ideia que surgisse. Ao lado do amigo Marco Pezão criou a Cooperifa e convenceu o dono de uma fábrica abandona em Taboão da Serra, na grande São Paulo, a ceder o espaço. De forma improvisada, ocorreram os primeiros eventos artísticos. E os primeiros saraus.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
A “sede” da Cooperifa foi mudando de endereço até fincar bandeira no Zé Batidão, bar que havia sido do seu pai e de onde, na infância, costumava ficar atrás do balcão observando de forma curiosa os tipos que entravam no recinto, os homens solitários, os bêbados. “O bar, que era a minha senzala na infância, se tornou a minha libertação. As pessoas passaram a vir como se estivessem indo para Palmares, fugindo da mediocridade, do marasmo”. Desde então não houve uma única quarta-feira sem sarau.</div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
<b>Cinema na Laje</b></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Quase 50 livros já foram publicados pelos freqüentadores da Cooperifa. Só de Sérgio são sete, todos elogiados pela crítica. Na trajetória também atestou que todo mundo gosta de poesia. Para ilustrar, se lembra da primeira visita que fez à Fundação Casa, ex-Febem, para levar poesia aos jovens da instituição. A primeira recepção foi gelada, com olhares pouco entusiasmados dos garotos. Sérgio perguntou: “Alguém aqui gosta de poesia?”, e apenas recebeu como resposta cabeças para a direita e para a esquerda. Foi quando pediu licença e começou a recitar Negro Drama, música dos Racionais: <i>Negro drama / Entre o sucesso e a lama / Dinheiro, problemas, inveja / Luxo, fama / Negro drama / Cabelo crespo / E a pele escura / A ferida, a chaga / A procura da cura</i>... No meio percebeu que alguns recitavam juntos. Ao fim, o texto foi terminado em uníssono. Um jovem perguntou: “Ei, senhor, Racionais é poesia?”. Diante da resposta positiva, emendou: “Então nóis gosta”.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Além da literatura, outra ação que entusiasma Sérgio é o Cinema na Laje. Quinzenalmente são exibidos filmes e documentários na laje do Zé Batidão. Esqueça filmes de Hollywood. A ideia não é a de passar cinema para quem não tem dinheiro. É formar público. “Defendo que todos têm dinheiro para ir ao cinema. Quem não vai é porque não tem o hábito”. O poeta costuma ligar para produção dos filmes e pedir a presença do diretor ou de um ator para discutir cinema com a comunidade.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Já houve exibições de filmes como <i>Marighella</i>, <i>Quebrando Tabu</i>, <i>Cinco Vezes Favela</i>, <i>A Febre do Rato</i>. O trabalho da Cooperifa também atraiu personalidades importantes do meio intelectual. No fim do ano passado, por exemplo, houve a visita de Mia Couto, o badalado escritor moçambicano. “E ele não queria mais sair de lá”, relembra.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
<b>Literatura periférica</b></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
<span style="line-height: 16.5pt;">O poeta já visitou a Europa e países da América Latina, convidado a apresentar seu trabalho. É presença constante em eventos literários. Certas vezes, porém, se depara com algum preconceito do meio literário tradicional. “Em debates, às vezes é como se dissessem: ‘O Sérgio é poeta, mas é poeta da periferia. Vamos devagar com ele”. Outra coisa que o incomoda é quando as perguntas se limitam à criminalidade ou à vida na periferia. “Eu sou da mesma cidade do cidadão. Mas é como se eu tivesse vindo da Palestina. Já me perguntaram em debate se eu vi gente morrer. Dá vontade de responder: ‘Eu não trabalho na polícia e nem sou bandido. Eu li 300 mil livros na vida e quero falar sobre eles. Li Bauderlaire, Rambaud, Verlaine. Podem ficar à vontade para falar de literatura comigo’”.</span><span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
A sua poesia, porém, é combativa. Para manter o desejo de denunciar problemas sociais pelos versos inspira-se em uma frase do poeta Ferreira Gullar: “Só é justo cantar quando seu canto arrasta consigo pessoas e coisas que não tem voz”. Para a sua poesia, a realidade é fundamental. “O pessoal da bossa nova abriu a janela e viu um dia de luz, uma festa do sol, e fez uma música. Certo eles, sincero. Mas abrimos a janela e vemos outra coisa. É importante falar sobre o que vemos”.<span style="font-size: 12pt; line-height: 16.5pt;"> </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="background-color: white; font-family: Arial; font-size: 16px; line-height: 16.5pt; margin-bottom: 1.35em;">
Para ele, a literatura periférica brasileira já criou um estilo. “Quem nasceu em Moema (bairro de classe média alta de São Paulo) não pode fazer literatura periférica. Ou até pode, mas não vai ficar bom. Literatura romana é feita pelos romanos, literatura grega é feita pelos gregos. E literatura periférica é feita por quem mora na periferia. É o texto dos sofridos”. E, para quem insiste em julgar seus pares da Cooperifa baseado em preconceitos linguísticos ou de qualquer natureza, explica: “A nossa literatura tem menos crase, ponto e vírgula, mas ainda assim é literatura. Quando alguém <i>diz nóis </i>vai é que nós vamos. E vamos mesmo”.<span style="font-size: 12pt;"> </span></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-90842558576867619912013-04-10T12:33:00.000-03:002013-04-10T12:40:27.003-03:00Nássara, o último dos cariocas autênticos<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ_uM4h1JRJtlJnRwPpiSe0dxsnuij0D09WNgPYkRop3PPlCPyJAzS0zXoma1Cc8jgg1XyhIQQHkgoLUuEuC7U12-suAeoj73lztYcHu2yKfwDjM8Doa0RY_jT53fOgiS_YCVp9g/s1600/nassara_15_1293830882.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="119" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ_uM4h1JRJtlJnRwPpiSe0dxsnuij0D09WNgPYkRop3PPlCPyJAzS0zXoma1Cc8jgg1XyhIQQHkgoLUuEuC7U12-suAeoj73lztYcHu2yKfwDjM8Doa0RY_jT53fOgiS_YCVp9g/s320/nassara_15_1293830882.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Fim da década de 1960.
A cidade do Rio de Janeiro estava em processo de rápida
transformação. Prédios altos surgiam na orla das praias, edifícios
antigos do Centro eram demolidos, a violência urbana começava a
sair do controle. Antônio Gabriel Nássara, então com quase 60
anos, via as mudanças sem muita preocupação, mesmo sendo
testemunha dos momentos áureos da Cidade Maravilhosa. “O autêntico
carioca é aquele que depois de ter sofrido na carne todos os
pesadelos que desabaram sobre o Rio moderno, ainda encontra em si
amor e ternura pela cidade”, disse em entrevista ao jornalista Joel
Silveira.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Nássara havia passado
as últimas décadas praticando com louvor as principais
características cariocas: o papo-furado em botecos, o bom-humor, o
otimismo diante das dificuldades, os sambas compostos sob o ritmo de
caixinhas de fósforo. Só temia pelo fim da espécie: “O bom
carioca é uma raça em processo de extinção. Acabará quando
acabar gente como eu. Ou como o Bororó, a Aracy de Almeida, o
Marques Rebelo e o Di Cavalcanti”.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Nascido em São
Cristóvão e criado em Vila Isabel, ambos bairros tradicionais da
zona norte, Nássara produziu, entre um chope e outro, um importante
legado artístico. Compôs exatas 235 músicas, todas com parceiros
da pesada, como Noel Rosa, Wilson Baptista, Lamartine Babo, Mário
Lago, Ari Barroso. Mas marcou-se mesmo por suas ilustrações,
publicadas nos mais importantes jornais e revistas do Rio. Seus
traços fortes, porém minimalistas, registraram os personagens da
cidade: políticos, escritores, sambistas e gente do povo. Não era
preciso olhar duas vezes para seus desenhos para identificar o
homenageado – ou a vítima. “Ele capturava, com linhas fortes, a
alma frágil de quem estivesse desenhando”, diz o escritor Ruy
Castro.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTbU6-RvGzM0sj5B2PQyMG2Uh2K2fcHuRHaiqoLWN572qiCvozyLY4jEJihkaUmB-pnX6WlOqWBJb1-Iqzycvi5oJevD0e1kwxQpajs-VXw6eE11nMFUmvzfvWASkvefN3FsWMcQ/s1600/nassaragetulio1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTbU6-RvGzM0sj5B2PQyMG2Uh2K2fcHuRHaiqoLWN572qiCvozyLY4jEJihkaUmB-pnX6WlOqWBJb1-Iqzycvi5oJevD0e1kwxQpajs-VXw6eE11nMFUmvzfvWASkvefN3FsWMcQ/s320/nassaragetulio1.jpg" width="169" /></a></div>
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Primeiro jingle da
história</b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Nássara sempre gostou
de desenhar. Aos 17 anos, passou a trabalhar como ilustrador do
jornal <i>O Globo</i>. Logo depois entraria na Escola de
Belas-Artes, curso que abandonaria no quarto ano. Já não dava conta
das ilustrações que tinha de entregar, a essa altura em vários
outros veículos de imprensa.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Além dos desenhos,
também se tornou locutor do <i>Programa do Casé</i>, o mais
importante programa de música da rádio carioca. Já começou
inovando ao criar o primeiro jingle da história do rádio
brasileiro: <i>Ó padeiro desta rua / Tenha sempre na lembrança
/ Não me traga outro pão / Que não seja o pão Bragança</i>. Para
anunciar um laxante e não chocar a “tradicional família carioca”
– e nem a censura, que encrencava com anúncios dessa natureza –,
saiu-se com a historinha: “Um casal de noivos brigou. Ele,
arrependido, resolveu fazer as pazes, mas a moça estava irredutível.
Conversou com a futura sogra, que o aconselhou que presenteasse a
filha com algo de valor. Comprou-lhe, então, uma jóia caríssima. E
não fez efeito. Deu-lhe um casaco de peles. Mas não fez efeito.
Então, lembrou de dar a ela um vidro de Manon Purgativo... Ahhh! Fez
efeito! Manon Purgativo, à venda em todas as farmácias e
drogarias.”<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIk_jX4RnQ-kw0V9arXGeZm717Q0WqL0SdViEYjlYqp2TfV8xrBFZdH3KxnDDI01B3s7-fsnCM4cEbkTW3qtkDqr9GwJ9HQYtfpyQCE83MjF3GMUZc_mSnCzfQK1CIf_jt0J8JyA/s1600/nassaradois.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIk_jX4RnQ-kw0V9arXGeZm717Q0WqL0SdViEYjlYqp2TfV8xrBFZdH3KxnDDI01B3s7-fsnCM4cEbkTW3qtkDqr9GwJ9HQYtfpyQCE83MjF3GMUZc_mSnCzfQK1CIf_jt0J8JyA/s1600/nassaradois.jpg" /></a></div>
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Mas que calor...</b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A composição musical
começou a tomar papel importante em sua vida a partir de 1932, ao
emplacar nas rádios a música Formosa, em parceria com J. Rui.
Outras grandes canções surgiriam nas décadas seguintes,
principalmente marchinhas. Qual causou mais comoção foi a marchinha
Alalaô, composta em parceria com Haroldo Lobo, que contou com uma
genial orquestração de Pixinguinha. Os versos <i>Alalaô / Mas
que calor / Atravessando o deserto do Saara</i>... se tornou o maior
sucesso do carnaval de 1941. E de todos que viriam pela frente.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Outros sucessos
surgiriam: Retiro da Saudade (com Noel Rosa), Mundo de Zinco (com
Wilson Baptista), Quem Não Chora Não Mama (com Roberto Martins).
Apesar disso, sugeria que tratava a música como um hobby. “Eu não
me considero compositor. Eu fiz música, é diferente. Não tenho nem
um décimo da força de Noel Rosa”, afirmava, modestamente.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Aos poucos, foi se
afastando das músicas e das ilustrações. Mas nunca dos bares e da
boêmia. Havia quem disputasse a cadeira mais perto de Nássara para
ouvir suas histórias, sempre surpreendentes. “Ele tem um bom humor
contagiante, boa educação inata, o irresistível amor pela noite.
Tem também o bate papo colorido no qual as palavras, arrumadas com
maestria e propriedade, jamais repetem as mesmas histórias”,
exaltou Joel Silveira.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRXlYM5RLMbIvG-QoRwxk5nxmJ1YQaSQmE-EzOQEnFPAVOJMk8OL4tnFD20eIh_LNizCeYeOZrebdysVELV1OBiu3b8rE2YD1SRqAQXO5UOpoed5Mvq3V3F_S3OOsKdWbaa_Dltg/s1600/noel_ropua+(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRXlYM5RLMbIvG-QoRwxk5nxmJ1YQaSQmE-EzOQEnFPAVOJMk8OL4tnFD20eIh_LNizCeYeOZrebdysVELV1OBiu3b8rE2YD1SRqAQXO5UOpoed5Mvq3V3F_S3OOsKdWbaa_Dltg/s320/noel_ropua+(1).jpg" width="240" /></a></div>
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Inventor do Rio</b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sua carreira ganharia
novo fôlego em 1976, ao ser convidado para fazer parte da equipe
de <i>O Pasquim</i>. Lugar ideal para seus traços – num tempo
em que a imprensa já começava a se tornar mais carrancuda, com
menos espaços para experimentalismos. Se antes retratava Noel Rosa,
Getúlio Vargas, Mário Lago, agora dava vida a Martinho da Vila,
Pelé, Paulinho da Viola.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
A partir dos anos 1980,
passou a trabalhar menos, até por uma gradativa perda de audição.
Mas não perdia o bom-humor. “Em Nássara nunca dará cupim”,
como Ari Barroso profetizou décadas antes. Em 1996, aos 85 anos,
ainda ilustrou o delicado livro infantil <i>Moça Perfumosa,
Rapaz Pimpão</i>, de Daniela Chindler. Mas não viu o resultado.
Morreu em casa, em 11 de dezembro de 1996, vítima de
enfarte. “A gente é que nem lâmpada. Um dia apaga”, disse a
amigos, poucos meses antes da morte.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Dos bons cariocas em
extinção, foi o último a se despedir da Cidade Maravilhosa. Mas já
havia deixado uma herança. “De uma certa maneira, o Rio é uma
invenção de Nássara, Orestes Barbosa e Noel Rosa. Inventores
também do papo-furado, foram se distraindo e a cidade cresceu em
volta deles”, escreveu Millôr Fernandes.<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/UJMOmiCEDE0" width="420"></iframe></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-68613632079179342742013-04-05T17:30:00.004-03:002013-04-05T17:47:21.614-03:00Martinho da Vila levou o samba à terra do semba (e vice-versa)<br />
<div class="western" lang="" style="margin-bottom: 0.35cm;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3ekLHzqcuUdCLKSbTB83_qnDuY6GU9jZwDck1eKKBw9ELSystTq88B-PMxe18XTVCLWW0PgGAajGX9mNWdEIafRsmujnyULFiJzYnUXNcsP_KMlNkhyphenhyphenWWDgV0xx5yMEHzxnXO_A/s1600/Canto-Livre-de-Angola-com-Martinho-da-Vila-e-Alcione.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="160" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3ekLHzqcuUdCLKSbTB83_qnDuY6GU9jZwDck1eKKBw9ELSystTq88B-PMxe18XTVCLWW0PgGAajGX9mNWdEIafRsmujnyULFiJzYnUXNcsP_KMlNkhyphenhyphenWWDgV0xx5yMEHzxnXO_A/s320/Canto-Livre-de-Angola-com-Martinho-da-Vila-e-Alcione.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Integrantes do Canto Livre de Angola com Martinho e Alcione</td></tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="western" lang="" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm;">
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.37cm; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<div class="western">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Em meados da década
de 1970 não havia uma embaixada brasileira em Angola. Mas Martinho
da Vila era chamado de “embaixador do Brasil” no país africano.
O compositor de Vila Isabel – intrinsecamente ligado à causa negra
– começou a fazer excursões do lado de lá do oceano Atlântico,
e cada vez voltava mais encantado com a riqueza e a diversidade
cultural que via. Em 1980, enfim, idealizou um grande projeto de
intercâmbio cultural entre os dois países: o Projeto Kalunga.</span></div>
<div class="western">
<br /><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">A organização ficou
a cargo de Martinho e do produtor Fernando Faro. Durante todo o
começo da década artistas brasileiros de primeira linhagem foram
mostrar o samba à terra do semba: Chico Buarque, Dorival Caymmi,
Clara Nunes, Miúcha, Djavan, Dona Ivone Lara, João Nogueira e
outros. “O que mais ficou marcado na minha memória foi a
participação de Dorival Caymmi sozinho com seu violão, e o povo
todo cantando a letra inteira com ele”, afirma Martinho.</span></div>
<div class="western">
<br /><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">Três anos mais tarde,
Martinho inverteu a direção. Elaborou o Canto Livre de Angola, que
trouxe ao Rio, São Paulo e Salvador a então desconhecida música
angola, com a participação de Elias Dia Kimuezo, um dos mais
importantes nomes da música do país. O projeto rendeu o elepê </span><i style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">Canto
Livre de Angola</i><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">.</span></div>
<div class="western">
<br /><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">De ambos os projetos,
surgiram novas canções, como Morena de Angola, de Chico Buarque. A
letra mais emblemática criada a partir do intercâmbio cultural é
Lá de Angola, de João Nogueira, que encerra a discussão entre
cariocas e baianos sobre o surgimento do samba: </span><i style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">É preciso
navegar / Pra poder se esclarecer / Do lado de lá do mar / É
preciso ver pra crer (...) Samba vem lá de Angola / Não vem da
Bahia, não / Samba vem lá de Angola / Não vem lá do Rio, não</i><span style="font-family: Georgia, serif; line-height: 0.37cm;">.</span></div>
<br />
</div>
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="line-height: 16px;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/sz2VsarefrA" width="420"></iframe></span></span></div>
<br />Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-86255551287378910582013-01-15T16:08:00.001-02:002013-01-15T16:09:31.024-02:00Frank Sinatra irritou jornalistas e encantou multidões no Rio<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbRroot7G8El-Ksc0Cf73jZh-X5UDXN47MoMspryTf6HolNubs8GC0qy6T9iVndwZXP16vCJK0VSIgMp8PJBOH5AQVEaCWykmLOJXFm-CxndqmC46_mPG7TgNDzP697f0tmyKseQ/s1600/FrankSinatra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbRroot7G8El-Ksc0Cf73jZh-X5UDXN47MoMspryTf6HolNubs8GC0qy6T9iVndwZXP16vCJK0VSIgMp8PJBOH5AQVEaCWykmLOJXFm-CxndqmC46_mPG7TgNDzP697f0tmyKseQ/s320/FrankSinatra.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“Frank
Sinatra está resfriado”. Este é o título de uma das mais
conhecidas reportagens da história do jornalismo mundial, escrita
pelo repórter norte-americano Gay Talese em 1966. A manchete também
poderia descrever a estadia do cantor em solo brasileiro em 1980.
Durante cinco dias no Rio de Janeiro, <span style="font-size: small;"><span lang=""><i>The
Voice</i></span></span>
pegou um resfriado forte, arrumou confusão com a imprensa e fez um
dos shows mais concorridos da história do Brasil.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O
empresário Roberto Medina foi o responsável por trazer a lenda
norte-americana ao País – o mesmo que produziria a primeira edição
do <span style="font-size: small;"><span lang=""><i>Rock
in Rio</i></span></span>.
O sonho de trazer Sinatra era uma questão de honra para a família
desde que o pai, o também empresário Abraham Medina, tentou
contratá-lo em 1955 por 300 mil dólares, mas o negócio acabou não
sendo concretizada.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A chegada de Sinatra à
Cidade Maravilhosa gerou uma corrida de repórteres para conseguir
uma palavrinha do artista. Cerca de 200 profissionais da imprensa se
empurraram (e o empurraram) ao se aproximar do Rio Palace Hotel. A
entrevista coletiva foi suspensa. O assessor de imprensa gritou aos
jornalistas: “Ele não precisa vir ao Brasil para ser tratado como
animal!”. A relação a cada dia ficava mais tensa. Mais tarde, em
uma outra coletiva de imprensa, ele fez uma congelante cara de
desprezo a uma repórter argentina que lhe fez a pueril pergunta:
“Você se acha o único?”. No quarto do hotel, Sinatra chegou a
dizer à mulher que queria ir embora, mas foi convencido a
permanecer. A pouca amistosa relação entre ele e a imprensa até
gerou uma carta de repúdio de um grupo de jornalistas, enviada ao
consulado dos Estados Unidos.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">A
apresentação, porém, foi impecável. Aos 64 anos, ele subiu ao
palco na noite chuvosa de <span style="font-size: small;"><span lang="">26
de janeiro de 1980</span></span>
e se impressionou ao dar de cara com o maior público de sua
carreira: 175 mil ansiosas pessoas esperavam para ouvir sua Voz.
“Quando Sinatra adentrou o palco, olhou para cima e disse: ‘Meu
Deus’. Na arquibancada, eu também”, relembra o jornalista Ruy
Castro. Não só de sua carreira. Aquela noite entrou para o Guinnes
Book como o maior público de uma apresentação musical de todos os
tempos. Durante 75 minutos os espectadores ouviram canções como
<span style="color: black;">I've
Got the World on a String, The Lady Is a Tramp e I've Got You Under
My Skin. </span><span style="color: black;">O
show foi transmitido para toda a América do Sul, com exceção da
Colômbia, pela Globo.</span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não houve outro tema
no Rio. A repercussão da apresentação até inspirou o poeta Carlos
Drummod de Andrade a escrever uma crônica sobre um sujeito que não
suporta mais ouvir sobre o norte-americano e quer comprar por 20 mil
cruzeiros a sua não-entrada para o show. Após um bate-boca com o
rapaz da bilheteria, que não entende a proposta insólita, o sujeito
conclui: “Quero o meu sossego, quero ouvir as fitas de minha
escolha, e atualmente nesta cidade não há alternativa. Ou Sinatra
ou nada. Então, quero Cr$ 20 mil de nada”. </span></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-10756900421729218932012-11-30T17:10:00.001-02:002012-12-01T16:09:51.247-02:00Ninguém quer ser coadjuvante de ninguém<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1IHfwq6OX2XJ7A4GwAvFslgh3mOfiDtkHQ87fY93Fnrnzo1kBm5dYlnKvic4OOtoBLJ4m1ap6Tt-6BNcRH3rtvazH1YFipHClV6_XQF2dHUhw2EMJk-3fLdR-GWWwCBv0dEDTsQ/s1600/Mano+Brown.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1IHfwq6OX2XJ7A4GwAvFslgh3mOfiDtkHQ87fY93Fnrnzo1kBm5dYlnKvic4OOtoBLJ4m1ap6Tt-6BNcRH3rtvazH1YFipHClV6_XQF2dHUhw2EMJk-3fLdR-GWWwCBv0dEDTsQ/s320/Mano+Brown.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Dia desses, eu estava
com uns amigos, conhecidos e semi-conhecidos num bar. Em um momento a
conversa rumou para música. Eu falei com a certeza de quem já
tomou três cervejas a mais: “A música poderia se resumir em Noel
Rosa, João Gilberto e Racionais”. Só se tem boa conversa com
algumas verdades absolutas jogadas sobre a mesa. Num canto, até
então quieto e observador, estava um sujeito conhecido do
semi-conhecido de barba, camisa xadrez e óculos quadrados vermelho.
O tipo que se tem certeza que rezou para Deus para ser acometido por
miopia ou astigmatismo na adolescência e que regula o nível dos
óculos pressionando o centro da armação com o dedo indicador. Pois
bem. Ele rompeu o próprio silêncio, numa mistura de complacência e
didatismo: “Desculpa, os outros tudo bem, mas Racionais não dá.
Aquilo não é música. Mas o que mais me pega contra eles é a
incoerência. Falam mal de playboy e o Mano Brown tem um Audi”.
Depois, afirmou como se fosse um ser iluminado pelo Criador que é
amante de jazz.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Não lhe disse, mas
esse cara não sabe nada sobre a vida. Não há incoerência alguma.
Para começar a acabar com o argumento basta ouvir o disco Nada Como
um Dia após um Outro Dia, de 2002. É um tratado sobre a
importância de ganhar dinheiro, de ter um carrão e uma corrente de
ouro e as contradições que esses bens trazem a um sujeito negro de
periferia. As pessoas querem ter destaque, seja qual for, seja
pelo motivo que for. Os Titãs já ensinaram na década de 1980:
<i>A gente não quer só comida / A gente quer comida, diversão e
arte</i>. Com a diferença que Brown afirma: <i>A gente não quer só
comida / A gente quer comida, cordão de elite 18 quilates, breitling
no pulso e lupa baunch & lomb</i>.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Cada música do disco,
aliás, lembra da importância da grana no bolso. A música Vida Loka Parte 2 exalta: <i>Imagina nós de Audi, ou de Citroen </i>e
<i>Não é questão de luxo, não é questão de cor / É
questão que fartura alegra o sofredor</i>. Em A Vida é Desafio, é
lembrada uma verdade fundamental: <i>O sonho de todo pobre é ser
rico</i>. Ninguém quer ser
coadjuvante de ninguém, como se diz em Da Ponte Pra Cá.
Ninguém. E isso branco de classe média – de playboy da Vila
Olímpia a estudante de Ciências Sociais da Universidade de São
Paulo – tem dificuldade de entender.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Uma das frases que mais
se ouve por aí desde a ascensão de milhões de pessoas para a
famosa classe C é: “Agora qualquer casa na favela tem uma tevê de
plasma, mas não tem livros”. Só idiotas eternos esbravejam contra
a explosão de eletroeletrônicos das Casas Bahia em bairros pobres.
Não entendem que o poder simbólico de uma tevê de plasma, de uma
corrente de ouro, de um Playstation e de um tênis Nike é
imensurável.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O sujeito com esses
bens de consumo passa a não se sentir mais diferente dos riquinhos
que vivem da ponte pra lá. Sente-se feliz, confortável,
confiante e, a palavra é essa, com auto-estima. Qual o problema há
nisso? Só se pode desprezar algo que se tenha. Os filhos dessas
famílias, num futuro próximo, não verão tanta importância em
assistir a uma televisão numa tela de 200 polegadas – isso foi
normal durante toda a vida deles – e darão prioridade a outras coisas,
como montar um coletivo de arte urbana. Grande parte dos filhos da
classe média da zona oeste de São Paulo só pôde escolher
profissões como clown, arte-educador e cineasta porque os pais –
ou os avôs – foram engenheiros, advogados ou donos de
imobiliárias. Alguém precisou ganhar dinheiro com profissões
tradicionais para o rapaz se dar ao luxo de ganhar menos e ter
prioridades mais nobres. Vocês querem que os meninos da favela leiam
Nietzsche sob o teto do barraco de madeirite. Podem ler também, sem
problema. Nada disso se opõe a ter uma bela tevê na sala. A gente
não quer só comida e filosofia.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Depois de tantos anos
de subemprego, de humilhação, de preconceito, de ser tratada como
invisível, ainda se exige da periferia que tenha prioridades
anti-consumistas. A classe média sempre comprou carro. Agora que os
pobres também podem andar numa máquina motorizada inventou-se a
moda que a bicicleta é o único veículo possível. É cultural ver
os pobres enfurnados em ônibus lotados, em trens desumanos ou, no
máximo, em chevetes com um adesivo de Jesus. Não é cultural vê-los
num carro com teto solar, direção hidráulica e quatro círculos na
frente. Ou mesmo em qualquer zero quilômetro com IPI reduzido. Dá-lhe exortar contra essa “pouca vergonha” que
“atrapalha a cidade”, como se o trânsito fosse uma invenção da
classe C. “Ei, bacana, quem te fez tão bom assim? O que cê deu, o
que cê faz, o que cê fez por mim?”, muitos dos pobres que
ascenderam devem, com razão, pensar.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Lembro-me de uma frase
que pipoca como uma dessas verdades inapeláveis pelo Facebook: “País
rico não é o que o pobre anda de carro, mas o que o rico usa
transporte público”. Calma lá, amigos. Vocês passaram décadas
transformando São Paulo em sinônimo de carangas gigantes e agora,
que os mais pobres também podem ter as máquinas, vêm com esse
papo? Pobre não pode estar certo nem com dinheiro. Sugiro que você
pegue sua bicicleta diariamente na Praça da Sé e vá pedalando para
Guaianases, Vila Ré ou Guarulhos; ou até Vila Joaniza, Taboão da
Serra ou Vila Santa Catarina; ou até Brasilândia, Pirituba ou
Jardim Brasil. Ir da Vila Madalena para o Alto de Pinheiros é mole.
Primeiro deve-se ter um sistema de transporte público eficiente.
Depois, as pessoas – de qual classe social forem – que decidam se
querem ou não ter um carro.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
De volta aos Racionais.
Em uma das faixas de Nada Como um Dia, Brown deixa de lado a cantoria
para contar uma situação que presencionou num Dia das Crianças.
Era a de um menino pobre da zona sul de São Paulo que, em vez de
presente, ganhou um tapa na cara da mãe por xingá-la por não ser
presenteado. Brown termina a história: <span style="font-size: small;">“</span><span style="color: black;">Aí
eu fiquei pensando, né, mano, como uma coisa gera a outra. Isso gera
um ódio. O moleque com 10 anos tomar um tapa na cara no Dia das
Crianças. Eu fico pensando quantas mortes, quantas tragédias em
família o governo já não causou com a incompetência, com a falta
de humanidade. (…) Ali marcou pra ele. Talvez ele tenha se
transformado numa outra pessoa aquele dia”. E agora, imagine que se
em vez de tapa na cara o garoto ganhasse um tênis que solta luzinha
ou um carrinho de controle remoto. É isso que está acontecendo cada vez mais. É
consumismo? É. E o que a classe média de São Paulo fez toda a
vida? Deixem de eco-egoísmo.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="color: black;">Não
se deve ver com incoerência alguma o desejo de consumo. A reclamação
de Brown contra os </span><span style="color: black;"><span style="font-size: small;"><i>playboys</i></span></span><span style="color: black;">
de carrão é que Pero Vaz de Caminha foi o primeiro branco a ter um
Audi por estas terras e desde então só descendente de europeu
conseguiu chegar perto de um. O que o adorador de jazz não percebeu
é que ele próprio acha estranho, sem se dar conta, um preto de
periferia no comando de Audis e Citroens, mesmo que seja um dos
artistas de música popular mais conhecidos do País. O mundo seria
muito melhor se o desejo geral fosse pelo bem do próximo, pela paz
mundial e pela elevação espiritual. </span>Mas,
como se sabe, em São Paulo Deus é uma nota de 100.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/b7OXqKbjhTA" width="420"></iframe></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-28698257924788752522012-09-19T00:51:00.003-03:002012-09-19T13:26:39.030-03:00Romeu e Julieta, a música inédita de Vinicius de Moraes<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quais são as chances de surgir uma canção inédita de
um gênio da música algumas décadas depois de sua morte? Poucas. Mas um desses
acontecimentos raros ocorreu há dois anos. Toquinho estava jogando bilhar com
Paulinho da Viola e outros amigos em São Paulo quando uma senhora desconhecida
apareceu no local com um papel na mão e disse ao violonista: “Toquinho, acho
que isso vai te interessar muito”.</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Era o manuscrito original da canção Romeu e Julieta,
composta por Toquinho e Vinicius de Moraes entre 1974 e 1975, que nunca foi gravada em disco. A falta
de gravação por todas essas décadas se deve a um leve descuido de Toquinho, que perdeu a letra e nunca mais a achou, até o encontro inusitado e misterioso durante uma partida de bilhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A canção, agora, é gravada em CD para <i>O Haver – Pinturas e Músicas para Vinicius</i>,
projeto idealizado pelo artista plástico Elifas Andreato em homenagem a
Vinicius (para saber mais sobre o projeto, <a href="http://oglobo.globo.com/cultura/elifas-andreato-homenageia-vinicius-de-moraes-em-exposicao-6062095">clique aqui</a>)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A letra é Vinicius de ponta a ponta. Lírica,
sofrida, mas com alguns quês de otimismo. Veja o vídeo abaixo e acompanhe a
letra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Romeu e Julieta </span></b><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">(Toquinho e Vinicius de Moraes)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Não te esqueças de mim</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
<span style="background: white;">Quando um dia eu me
for<br />
<span style="background: white;">Deposita uma flor<br />
<span style="background: white;">Onde disser assim:<span class="apple-converted-space"> </span></span><br />
<span style="background: white;">Aqui jaz um amor<br />
<span style="background: white;">Que foi lindo
demais<br />
<span style="background: white;">Aqui jaz um amor em
paz<o:p></o:p></span></span></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
<span style="background: white;">E não busques
jamais<br />
<span style="background: white;">Repousares enfim<br />
<span style="background: white;">Busca um velho
punhal <o:p></o:p></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">De ferrugem ruim</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
<span style="background: white;">E num instante
fatal <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span style="background: white; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;">Ao sentires teu fim</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt;"><br />
<span style="background: white;">Vem deitar o teu
sangue em mim<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="EN-US" style="background: white; mso-ansi-language: EN-US;"><iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/i0npm2x2AAg" width="420"></iframe><o:p></o:p></span></div>
Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-67885422294055782432012-08-31T07:18:00.000-03:002012-08-31T07:27:48.173-03:00Coração de estudante, composta para Jango, se tornou hino de Tancredo Neves<i>Quero falar de uma coisa / Adivinha onde ela anda / Deve
estar dentro do peito / Ou caminha pelo ar</i>. A música Coração de Estudante,
composta por Milton Nascimento e Wagner Tiso, ganhou as rádios do País em 1983.
E conquistou um fã especial: Tancredo Neves, o político conterrâneo dos
compositores mineiros, que dizia ser uma de suas músicas preferidas.<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A canção, no entanto, foi composta originalmente por Tiso para
outro líder político. Era um dos temas instrumentais do documentário <i>Jango</i>,
do diretor Silvio Tendler, em homenagem a João Goulart, presidente deposto pelo
golpe militar em 1964.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Após o filme ganhar as telas de cinema, Milton decidiu pôr a
letra, fato incomum em sua carreira. Baseou-se em Edson Luís, um dos primeiros
estudantes mortos pela ditadura militar, em 1968. Os versos foram surgindo um a
um, naturalmente. Para batizar, lembrou-se de uma flor muito comum em Minas, a
coração-de-estudante. A novidade foi lançada durante as Diretas-Já, movimento
cujo um dos líderes era Tancredo. "Era o momento da campanha das Diretas e
ela começou a se tornar um hino da juventude", recorda Tiso.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A volta das
eleições diretas não foi aprovada, mas o político mineiro foi escolhido como o
novo presidente, o primeiro civil desde 1964. Porém, morreu antes de tomar
posse. Não houve matéria na tevê ou no rádio sobre Tancredo sem a canção como
fundo musical, que se encerra com a mistura de tristeza e esperança que
permeava o País naquele momento: <i>Alegria e muito sonho / Espalhados no
caminho / Verdes, planta e sentimento / Folhas, coração / Juventude e fé</i>.</div>
<br />
<br />
<span style="font-size: 12pt;"><br /></span>
<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/L9BHaoesCHU" width="420"></iframe>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-18802338927906321102012-07-27T14:20:00.001-03:002012-07-27T14:26:52.101-03:00"Corpo fechado" abriu os caminhos do rap nacional<span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A
partir de meados da década de 1980, o vão livre da estação São
Bento do Metrô, em São Paulo, passou a ser ponto de encontro dos
aficionados pelo movimento hip-hop, já forte nos Estados Unidos, mas
ainda engatinhando no Brasil. Dois fatores foram decisivos para a
escolha do lugar: localização central e piso propício para dançar
break, enquanto os MCs lançavam as rimas de improviso. Foram
integrantes dessa turma que produziriam o elepê inicial do rap
brasileiro: </span><span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><i>Hip-Hop Cultura de Rua</i></span><span style="background-color: white; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">,
que ganharia as lojas de disco em 1988.</span><br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br /></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Quatro
grupos fizeram parte das 14 faixas do vinil, lançado pela Eldorado:
Código 13, MC Jack, O Credo e, conhecidos até os dias de hoje,
Thaíde e DJ Hum. <span style="font-size: small;"><i>Hip-Hop Cultura de Rua </i></span>trazia,
inclusive, um dos clássicos do rap tupiniquim, Corpo Fechado
(parceria de Thaíde com Marcos Telésforo), em que Thaíde versava
com voz brava: <span style="font-size: small;"><i>Me atire uma pedra / Que eu te
atiro uma granada / Se tocar em minha face / Sua vida está selada</i></span>.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWBQj9hL_1QUHV6sLpAoLQE2h0f3a55Pjxpquw3MT_789_5Z79wAM4P11zoxQk2laLeoMRyDRftfrNK9gqRhNmHkTbOQ6K7qDIZvCJJnDnk1wtfyHPxKTDCz-10rcCUZtDtpYilA/s1600/Hip-Hop-Cultura-de-Rua.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWBQj9hL_1QUHV6sLpAoLQE2h0f3a55Pjxpquw3MT_789_5Z79wAM4P11zoxQk2laLeoMRyDRftfrNK9gqRhNmHkTbOQ6K7qDIZvCJJnDnk1wtfyHPxKTDCz-10rcCUZtDtpYilA/s1600/Hip-Hop-Cultura-de-Rua.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br /></td></tr>
</tbody></table>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Com
boa receptividade, o disco (hoje considerado raríssimo) abriu as
portas para o lançamento de outros rappers, como Ndee Naldinho,
Consciência Humana, DMN e, fora de São Paulo, Câmbio Negro, de
Brasília, e Faces do Subúrbio, do Recife. Logo também surgiria o
primeiro elepê dos Racionais MCs, o mais cultuado grupo de rap do
País. Fatos que mudaram a produção cultural das periferias das
grandes cidades, principalmente de São Paulo. “Se no Rio é o
samba, o rap é a grande música popular paulistana”, diz Mano
Brown, líder dos Racionais.</span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com29tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-26895432740688244962012-04-25T12:28:00.001-03:002012-04-25T12:30:57.362-03:00Bôscoli conquistou três das maiores cantoras do Brasil<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-NBR-eCJ0c4AGmdAgMM9jMN0A0srrawbP3flO6HrvA4VHTjTxkiX4En5Qtlc7w5QjoEIIPI2mtOyqyewMHYrk0X6NYhp9DO7zIk3YLzchpR1yFkcbDjXcB-W5Yiax5mLJ2JLYKg/s1600/elis_ronaldo_bscoli_em_1967_com_a_histrico_vestido_de_dener_esq_.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="153" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-NBR-eCJ0c4AGmdAgMM9jMN0A0srrawbP3flO6HrvA4VHTjTxkiX4En5Qtlc7w5QjoEIIPI2mtOyqyewMHYrk0X6NYhp9DO7zIk3YLzchpR1yFkcbDjXcB-W5Yiax5mLJ2JLYKg/s200/elis_ronaldo_bscoli_em_1967_com_a_histrico_vestido_de_dener_esq_.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bôscoli e Elis casam-se em 1967</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 0.4cm;">O compositor Ronaldo
Bôscoli era um dos mais bem-sucedidos conquistadores do seu tempo. E
parecia ter predileção por cantoras. Com pinta de galã e conversa
mansa, viveu casos de amor com três das mais conhecidas cantoras
brasileiras.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O
relacionamento iniciado com Nara Leão, em 1956, era quase um conto
de fadas. Para ela compôs emblemáticas canções da bossa nova,
como O Barquinho, Nós e o Mar e Vagamente. Chegaram a ficar noivos.
Estavam prestes a se casar quando, em uma turnê em Buenos Aires,
Bôscoli envolveu-se com Maysa. O rapaz não queria terminar o
noivado, mas não esperava o que a amante podia aprontar. Ao chegar
ao Brasil, a apaixonada – e ardilosa – cantora convocou a
imprensa e anunciou: “Vou me casar com Bôscoli”. Nara, claro,
pôs um ponto-final no relacionamento.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Poucos anos depois
iniciou um inesperado relacionamento com Elis Regina – já que os
dois não se bicavam. Conhecedor da personalidade de Bôscoli,
um jornalista escreveu sobre o casamento: “Elis Regina terá o
consolo de saber que a guerra do Vietnã é muito pior”. As brigas
realmente se assemelhavam a batalhas. Numa delas, a gaúcha jogou
todos os discos raros de Frank Sinatra pertencentes ao marido pela
janela. Detalhe: Bôscoli afirmava gostar mais de Sinatra do que de
mulher.</span><br />
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.4cm; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-70986550841769833932012-02-26T21:53:00.011-03:002012-02-27T10:56:08.330-03:00Gabriel Cavalcante<div class="MsoNormal"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpLR4iTfme2LvXkHUDnZAZIeNasIk9gpTaK7uNnnHRcElMoNlyoYYe4uXjVA6fT2Xjupe6EWWs2jER6ApS4iDajXLtdE_dQMFca1NfNQdOP6-y-AqyWdO7FT4vr8wEqdGLPMndcg/s1600/Gabriel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpLR4iTfme2LvXkHUDnZAZIeNasIk9gpTaK7uNnnHRcElMoNlyoYYe4uXjVA6fT2Xjupe6EWWs2jER6ApS4iDajXLtdE_dQMFca1NfNQdOP6-y-AqyWdO7FT4vr8wEqdGLPMndcg/s400/Gabriel.jpg" width="400" /></a></div><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O samba ressurgiu de uns 15 anos pra cá, desde que jovens cariocas retomaram o bairro da Lapa com pandeiros, cuícas e violões e alastraram as tradições do gênero musical para todos os cantos do País. Passada a sensação inicial, uma questão ficou difícil de liquidar: como compor samba contemporâneo sem esquecer o passado e, ao mesmo tempo, sem saudosismo à toa. Muita gente tentou e, para mim, poucos conseguiram. Uma dessas exceções é o tijucano Gabriel Cavalcante, 25 anos, também conhecido como Gabriel da Muda, que no início de 2011 lançou o ótimo</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="color: #2a2a2a;"> </span></span><i style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O Que Vai Ficar Pelo Salão</i><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">, com participação do violonista Patrick Ângelo e dos compositores Roberto Didio e Renato Martins.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Gabriel também é uma das figuras que comandam o Samba do Ouvidor, roda de samba que ocorre duas vezes por mês nas esquinas das ruas do Mercado e do Ouvidor, no centro do Rio. Toda a história começou em em 2005 quando, com apenas 19 anos, passou a fazer parte do Samba do Trabalhador, comandado por Moacyr Luz.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Eu o conheci pessoalmente há uns 4 anos em Copacabana, durante o carnaval, e tomamos uma cerveja juntos. Mas só o vi tocar no ano passado numa roda em São Paulo. O seu vozeirão e carisma impressionam e ajudam a revigorar o gênero musical mais importante do Brasil.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Resolvi, então, fazer uma entrevista com o músico. Gabriel, que considera-se um “comunista não praticante” e “fã absoluto do Lula”, fala sobre sua relação com o bairro da Tijuca, sua visão sobre como compor samba contemporâneo e cita seus músicos preferidos além-samba. Ele também afirma que vale a pena se manter fiel aos seus princípios musicais: “Faço música pela música. Meu radicalismo é não abrir mão dos meus ideais por tentações comerciais. Quando chego num lugar como Maceió, Florianópolis ou São Luis e percebo que tenho admiradores do meu trabalho, vejo que tudo vale a pena”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Fale sobre sua relação emocional com a Tijuca. O bairro influencia seu modo de fazer música?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A Tijuca é o meu lugar. Nasci por aqui. Fui criado na rua Uruguai, onde moro até hoje. Aprendi a amar este lugar. Foi andando pela Muda que comecei a ser o bairrista que sou. Por lá, ensaiava o Nem Muda Nem Sai de Cima, bloco fundado por Moacyr Luz, Aldir Blanc e outros boêmios do bairro. Quando pequeno, ia pra lá sozinho, ver o movimento, o samba, e tentar entender um pouco aquele universo. Via naqueles ensaios o amor que as pessoas tinham pela Tijuca, e descobri que era o mesmo que sentia. Me achei ali, na Garibaldi, rua onde bebi minha primeira cerveja. A Tijuca infuencia em tuda na minha vida. Convivi com algumas figuras como os saudosos Basile e Diniz , além de Greg, Queiroz e tantos outros. Só gente da antiga. Cansaram de puxar minha orelha quando viam algo de errado. Depois fui conhecendo pessoas da minha faixa etária que também tinham esse amor, e são essas pessoas que faço questão de conviver diariamente. E foi no Bar do Momo onde sentei pela primeira vez com meu cavaquinho para tocar com os coroas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como começou a ser conhecido no samba carioca?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Até então, minha vida no meio do samba se resumia a esses encontros na Tijuca. Depois toquei durante algum tempo num grupo, que se apresentava pelas bandas da Lapa, mas não durei muito tempo. O acontecimento mais importante, que me deu visibilidade e abriu de vez as portas para mim no samba foi o Samba do Trabalhador, do qual faço parte desde a primeira roda, em maio de 2005.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como foi o processo de criação do Samba do Ouvidor, roda de samba da qual você faz parte hoje?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Aconteceu meio que naturalmente. Sentíamos falta de um lugar para tocarmos os sambas sem a preocupação de agradar o empresário ou não, e nada mais justo do que fazer um movimento desse na rua, de graça, para qualquer um chegar. A rua do Ouvidor é uma rua histórica no Rio, que casou perfeitamente com os sambas que cantamos, históricos, porém pouco lembrados por aí.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Quais figuras foram importantes para a criação do seu primeiro CD? Houve muitos parceiros no projeto?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Em primeiro lugar meus irmãos Roberto Didio e Renato Martins, que conheci em 2007, e desde então não saímos mais separados. Chamei outro querido amigo, Patrick Ângello, violonista de primeira linha que caminhou comigo nas primeiras jornadas musicais profissionais no Rio, antes mesmo do Samba do Trabalhador. </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">E claro, meu fiel Moacyr Luz, incentivador da minha carreira, parceiro de profissão e de vida.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"> Há uma dificuldade de fazer samba com temática contemporânea?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
Acho que sim. Mas já dizia Noel Rosa de Oliveira:<span class="apple-converted-space"><span style="color: #2a2a2a;"> </span></span><i>...O que passou, passou, ficou pra trás</i>. </span></span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Cantar samba é diferente de produzi-lo. Vejo hoje em dia pessoas fazendo samba falando de coisas que provavelmente nem nossos pais viveram. Com muito respeito a todos, esse tempo já passou. O que tinha que ser feito já foi. Cantar sambas antigos é reverenciar e manter um hábito vivo, porém fazer sambas com temáticas de 60, 70 anos passados é desconhecer e ignorar o presente.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Alguns pontos tradicionais de samba no Rio, como a Lapa, estão passando por um processo de “modernização”, com bares sofisticados e tal. Como isso atinge o samba que é feito por lá?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
Atinge muito, e de muitas formas. Em primeiro, o samba não é mais a estrela nem o foco principal. Os empresários estão interessadoa nos seus próprios bolsos. Em segundo, o músico deixou de ter liberdade, pois se canta algo que não agada o empresário, corre o risco de não receber e ser mandado embora do local. Em terceiro, os músicos mais experientes acabam se afastando, e naturalmente e qualidade dos sambas feitos por lá cai.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">O estilo musical entrou fortemente na moda no começo dos anos 2000, e agora está menos em evidência. Qual sua impressão sobre esse processo?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não acho que esteja tanto fora de evidência, mas acho esse declíneo natural. No início todos vão, pois é moda, depois ficam os apreciadores, os sambistas, que mesmo sem tocar um instrumento estão ali, cada um contribuindo do seu jeito.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Você costuma vir para São Paulo. Sob o ponto de vista do samba, o que pensa da cidade?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Xg3I9tib54hCVDuZv4mYVHfjWHQr5LgTuF20Ac5x0iITaoO1VIX9dILOlBj6NFDLYVJc3Nkhy2W3Wgbs60harJe4wIrhx1Y_crhNLoqywjv0O5upv3hr_ATPfRYMxAjgC8H_RQ/s1600/gabriel-e-moa-red.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2Xg3I9tib54hCVDuZv4mYVHfjWHQr5LgTuF20Ac5x0iITaoO1VIX9dILOlBj6NFDLYVJc3Nkhy2W3Wgbs60harJe4wIrhx1Y_crhNLoqywjv0O5upv3hr_ATPfRYMxAjgC8H_RQ/s200/gabriel-e-moa-red.jpg" width="200" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Gabriel e Moacyr Luz</span></td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não vejo muita diferença pro Rio. O Rio tem essa ligação natural com o samba, porém vejo São Paulo lado a lado em termos de movimentos, rodas em ruas, praças... Fora isso, o profissionalismo do paulista é muito positivo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Além de samba, o que gosta de escutar?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ouço muito Nana, Dori e Danilo Caymmi. A obra não sambística dos ídolos Aldir Blanc e Paulo Cesar Pinheiro. Ivor Lancelloti. Gostei muito do último CD do Chico. O da Amelia Rabello está impecável também. Vez ou outra coloco algo cubano para ouvir. Compay, Ibraim, El Inegualabile Bola de Nieve. Piazolla, Michel Legrand e Piafh são lembrados também.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
<b>Você se diz um sujeito radical, e que foi esse radicalismo que te levou até onde você está. Explique melhor.</b><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Faço música pela música. Meu radicalismo é não abrir mão dos meus ideais por tentações comerciais. Muitos não entendem, principalmente meu pai e minha mãe (risos), porém quando chego num lugar como Maceió, Florianópolis ou São Luis, e percebo que tenho seguidores e admiradores do meu trabalho, vejo que tudo vale a pena.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pra fechar: você tem um sambista preferido? E por quê?</span></b><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">É difícil falar num só, mas vou de Candeia, pela postura e por ter rompido barreiras. Candeia foi muito além do sambista e compositor.</span></span><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; line-height: 18px;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/gh5QMfWUZk8" width="560"></iframe></span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-58506071375073379952012-02-24T02:01:00.006-02:002012-02-24T11:20:49.053-02:00As pataquadas do “branco mais negro do Brasil”<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">Há poucos anos, Caetano Veloso causou uma certa polêmica ao afirmar que Feitiço da Vila, de Noel Rosa e Vadico, era uma canção racista. Me dou a mesma liberdade do compositor baiano para sugerir que outro grande nome da música brasileira, Vinicius de Moraes, também deixou a desejar algumas vezes sobre o tema racial. Veja: não estou dizendo que Vinicius era racista. Mas, por mais estranho que a afirmação soe inicialmente, me parece ser alguém bastante lugar-comum sobre o tema. E ser lugar-comum na questão por estas terras é ser racista.</span> </div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">A minha “prova” é uma entrevista que o</span><i><span style="font-size: 12pt;"> Pasquim</span></i><span style="font-size: 12pt;"> fez com Paulinho da Viola em agosto de 1970. Em dado momento, bem no começo da entrevista, o escritor Luiz Carlos Maciel pergunta a Paulinho, lembrando-se de uma entrevista recente com o poeta e compositor Capinam:</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Maciel - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Na entrevista com Capinam, ele disse que o Gilberto Gil era o primeiro cara que fazia música negra no Brasil. O que é que você acha dessa opinião?</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Paulinho - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Eu acho que a Clementina de Jesus faz música negra.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">Eis que Vinicius intervém. Um dos inventores da bossa nova - estilo conhecido por ser dos brancos da zona sul do Rio de Janeiro - sentencia que falar sobre música negra se trata de “racismo musical”. E que Gilberto Gil teria uma "natureza racista". Já Paulinho tenta contemporizar, mas não deixa de afirmar a importância da valorização da cultura negra. A entrevista se desenrola assim:</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Vinicius </span></b><span style="font-size: 12pt;">- O jazz branco é caudatário [simpatizante] da música negra, mas depois se misturou tudo, não há uma separação de música branca e música negra. Isso é racismo musical. O que eu quero dizer é o seguinte: eu acho o Gil um tremendo compositor, mas ele tem esse racismo, então isso se manifesta através da música dele. Eu acho que é um problema da natureza dele.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Paulinho - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Você vê alguma conotação de racismo no momento em que se levantam certos problemas de uma estética negra, por exemplo?</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Vinicius - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Não vejo desde que não seja levantado nos termos dos Panteras Negras americanos, aí é racismo negro mesmo.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Paulinho - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Você não acha que esse negócio dos Panteras Negras tem um peso que coloca em segundo plano esse problema do racismo?</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Vinicius - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Nunca houve um ser mais humilhado que mulher e nem por isso elas são racistas.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Paulinho - </span></b><span style="font-size: 12pt;">Eu acho que aí há um negócio diferente. No momento em que você tenta fazer certas afirmações em termos de uma cultura negra, de certos valores negros, e tenta afirmar isso como valores absolutos, como uma coisa que tem que ser porque não foi, eu acho que é racismo. Mas no momento em que ele tenta afirmar seus valores, o negócio do racismo fica em segundo plano.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Vinicius -</span></b><span style="font-size: 12pt;"> Eu acho que quanto mais o negro se aproximar de uma cultura, menos racista ele deve ser. É a cultura que aproxima as pessoas e resolve os problemas. Até agora não tem resolvido nada, mas nossa esperança é que resolva. </span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Paulinho -</span></b><span style="font-size: 12pt;"> Essa afirmação desses valores que você entende como uma posição racista, ela é racista até certo ponto. Dependendo das proposições, das coisas que estão acontecendo, ela até pode ser uma posição válida e importante, ela pode não ser uma posição racista.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">Eis que Vinicius encerra a discussão com “chave de ouro”:</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;"></span><b><span style="font-size: 12pt; font-weight: bold;">Vinicius -</span></b><span style="font-size: 12pt;"> Eu acho que o grande problema do racismo se resolve na cama, sabe?</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">A partir desse ponto a conversa toma outro rumo, sem explicitar o que Vinicius quis dizer com “resolver o racismo na cama”.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">Mas as evidências não param por aí. A minha amiga e pesquisadora sobre relações raciais Lia Vainer Schucman recentemente me chamou atenção, indignada, sobre os versos finais de Samba da Bênção, em que o poeta versa sobre o samba: </span><i><span style="font-size: 12pt;">Se hoje ele é branco na poesia / Ele é negro demais no coração</span></i><span style="font-size: 12pt;">. Ou seja, a poesia, a parte intelectual, reclamou Lia, para Vinicius ficava sob responsabilidade dos brancos. Já aos negros cabiam apenas o lado emocional.</span></div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div class="Normal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: 12pt;">Não é pouca gente que conheço que afirma ver no poeta não um exaltador da cultura negra, mas sim um folclorizador. Se essas frases da entrevista viessem da boca de qualquer outro sujeito do<i> Pasquim</i>, seria mais fácil entender. Falar essas coisas eram de certo modo naturais na década de 1970. Mas é difícil aceitar vindo do “branco mais negro do Brasil”.</span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-67464446648491842132012-02-09T16:17:00.015-02:002012-02-09T16:37:05.623-02:00O medo de se chamar saudade<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Certa noite, Nelson Cavaquinho acordou assustado e suando frio. Havia sonhado que morreria exatamente às três horas daquela madrugada. Olhou para o relógio e os ponteiros marcavam 2h55. Não dormiria mais. Passou a noite toda atrasando os ponteiros, para que não chegasse o horário fatídico. O medo da morte era a característica mais evidente da personalidade do sambista. E marcou uma das obras mais singulares da música brasileira. Morte, envelhecimento, melancolia, religiosidade e desamores foram os temas que tornaram o compositor carioca um dos mais importantes músicos do Brasil.</div></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><div style="text-align: left;"><br />
</div></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">“<span style="font-size: small;">Ele é o poeta da morte”, define o crítico musical Ricardo Cravo Albin. Mas o compositor também entrou para a história por sua forma única de tocar violão, usando apenas o indicador e o polegar da mão direita para vibrar as cordas do instrumento. O resultado era um som rústico e rascante, tal qual sua voz. As letras – ora feita por ele, ora com parceiros – impressionavam pela profundidade. “O meu grande mestre em samba é o Nelson Cavaquinho. Ele é o maior poeta popular do Brasil”, desmanchava-se Baden Powell.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><b>De soldado a sambista</b></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A trajetória de Nelson Antônio da Silva, nascido em 1911 no bairro da Tijuca, foi marcada pela pobreza. O garoto precisou largar os estudos na terceira série primária para trabalhar. Nas horas vagas, divertia-se ao ver o pai e o tio entoando choros e outros gêneros da época. Para acompanhar os mais velhos, improvisou o seu primeiro instrumento, uma caixa de charutos com alguns arames esticados. Mais tarde, já no meio de boêmios e malandros, passou a tomar gosto pelo cavaquinho. Depois migraria para o violão, mas o apelido que ganhou em suas primeiras rodas de samba o acompanharia a vida toda.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4gaNUNfMrzK0T1Iu-Ch_jPi_QHbeZS-vaxOBqRkvNMQ6qqQFzW1NqJTBNl0P2ClIleT3bBXDoYymf0krT19YvlLSTrPmmu_YI0cOpTm2-Q3n25XFG830evDSkqzIBvZ9_3uvLUA/s1600/nelson-cavaquinho.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="128" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4gaNUNfMrzK0T1Iu-Ch_jPi_QHbeZS-vaxOBqRkvNMQ6qqQFzW1NqJTBNl0P2ClIleT3bBXDoYymf0krT19YvlLSTrPmmu_YI0cOpTm2-Q3n25XFG830evDSkqzIBvZ9_3uvLUA/s200/nelson-cavaquinho.jpg" width="200" /></a></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Ao fazer 18 anos, entrou para a Cavalaria da Polícia Militar. Uma das incumbências do jovem soldado era patrulhar o morro da Mangueira. De tanto subir e descer o morro no lombo de um cavalo, tornou-se amigo dos bambas do lugar, como Cartola, Carlos Cachaça e Zé da Zilda. Até que, por absoluta incompetência para correr atrás de bandidos, pediu baixa da corporação.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Longe das obrigações como policial, passou a compor sem parar. Porém, as dificuldades financeiras o obrigavam a vender seus sambas por qualquer ninharia. Foram muitas as composições negociadas. Até donos de bar e gerentes de hotel entraram para a história da música brasileira em troca de uma cachaça a mais ou de um teto para o compositor dormir.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">A vida de Nelson Cavaquinho ganhou outro rumo ao conhecer Guilherme de Brito, no início dos anos 1950. O compositor seria seu mais importante parceiro. Uma parceria de fato. De acordo com o sambista Nelson Sargento, “foi Guilherme que deu uma nova direção para a vida de Nelson, que começou a beber menos e a compor mais”.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><b>Tire o seu sorriso do caminho</b></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">“<span style="font-size: small;">Nelson e Guilherme era uma dupla de compositores de amargo lirismo, voltada para as pequenas tragédias do cotidiano e para o caráter efêmero da vida”, escreveu André Diniz, autor do livro </span><span style="font-size: small;"><i>Almanaque do Samba</i></span><span style="font-size: small;">. O tema da morte era caro a ambos. “Eu falo tanto de morte que é para ela ficar longe de mim”, justificava-se Nelson. Os clássicos surgiam um atrás do outro: Folhas</span> <span style="font-size: small;">Secas, Quando Eu Me Chamar Saudade, Pranto de Poeta, Tatuagem e uma porção de outras. Para o poeta Manuel Bandeira, o verso inicial de A Flor e o Espinho mereceria figurar em qualquer antologia de grandes momentos da poesia brasileira: </span><span style="font-size: small;"><i>Tire o seu sorriso do caminho / Que eu quero passar com a minha dor</i></span><span style="font-size: small;">.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Mesmo com sambas de alta qualidade, só na década de 1960 Nelson passou a ser conhecido no Rio de Janeiro. Foi quando começou a se apresentar no Zicartola, bar de Cartola e dona Zica, e chamou a atenção de novos artistas. Nara Leão gravou Pranto de Poeta</span>; <span style="font-size: small;">Elizeth Cardoso, Vou Partir.</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Nelson passou a ser convidado constantemente para apresentações. A novidade não o empolgava muito. Certa vez, o convocaram para participar de um programa de tevê. Como estava sem muita vontade, recusou. O produtor disse que o cachê era bom, e ouviu como resposta: “Não tem por que me apresentar. Dinheiro não rima com nada”.</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Foi só beirando os 60 anos que gravou o primeiro disco: </span><span style="font-size: small;"><i>Depoimento de Poeta</i></span><span style="font-size: small;">. Depois lançaria mais dois. Em 1984, foi homenageado com o disco </span><span style="font-size: small;"><i>Flores em Vida</i></span><span style="font-size: small;">, em que grandes artistas tratavam de reverenciá-lo. Teve dois anos para desfrutar as tais flores em vida. Na madrugada de 18 de fevereiro de 1986, encontrou-se com o momento que tanto temeu. Apesar do medo da morte, partiu com uma aparência serena. Deixou um repertório de mais de 600 canções e um vazio na música brasileira. Um artista que nunca se rendeu a temas fáceis para alcançar o sucesso. “Faço músicas só para ti</span><span style="font-size: small;">rar as coisas de dentro do coração. É assim desde o dia em que fiz o meu primeiro samba.”</span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-88968421686711821992012-01-10T14:21:00.006-02:002012-01-10T14:29:24.411-02:00Nássara, um carioca autêntico<div align="CENTER" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: medium;"><i>O rapaz nascido na zona norte do Rio de Janeiro tornou</i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>-se</i></span></span><span style="font-size: medium;"><i> um dos maiores caricaturistas da história do País. Não se limitou à atividade. Também compôs mais de 200 canções, boa parte marchinhas </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>cantadas</i></span></span><span style="font-size: medium;"><i> até hoje. </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>Entre os </i></span></span><span style="font-size: medium;"><i>parceiros, </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>gente </i></span></span><span style="font-size: medium;"><i>da pesada, como Noel Rosa, Wilson Baptista </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>e</i></span></span><span style="font-size: medium;"><i> Ari Barroso. </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>Transpirando carioquice, Nássara nunca abriu </i></span></span><span style="font-size: medium;"><i>mão </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>de</i></span></span><span style="font-size: medium;"><i> viver na boêmia, entre </i></span><span style="font-size: medium;"><span lang="en-US"><i>intelectuais</i></span></span><span style="font-size: medium;"><i>, artistas e vagabundos.</i></span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Fim da década de 1960. A cidade do Rio de Janeiro estava em processo de rápida transformação. Prédios altos surgiam na orla das praias, edifícios antigos do </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">c</span></span><span style="font-size: small;">entro eram demolidos, a violência urbana começava a sair do controle. Antônio Gabriel Nássara, então com quase 60 anos, via as mudanças sem muita preocupação, mesmo sendo testemunha dos momentos áureos da Cidade Maravilhosa. “O autêntico carioca é aquele que depois de ter sofrido na carne todos os pesadelos que desabaram sobre o Rio moderno, ainda encontra em si amor e ternura pela cidade”, disse em entrevista ao jornalista Joel Silveira.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Nássara havia passado as últimas décadas praticando com louvor as principais características cariocas: o papo-furado em botecos, o bom humor, o otimismo diante das dificuldades, os sambas compostos sob o ritmo de caixinhas de fósforo. Só temia pelo fim da espécie: “O bom carioca é uma raça em processo de extinção. Acabará quando acabar gente como eu. Ou como o Bororó, a Aracy de Almeida, o Marques Rebelo e o Di Cavalcanti”.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdTADQoO_qUWK0ANIPbU-cthOZaIZNJQww9fs6IjXmb9t15wraekB3juDMb8pcxgPshPx74wxjY641N9MlmCyRr4Q0-WI0sSC13rj94cDkdYAnPFtrA7IQuqf7syhAFc57Hs4f4g/s1600/10365198.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdTADQoO_qUWK0ANIPbU-cthOZaIZNJQww9fs6IjXmb9t15wraekB3juDMb8pcxgPshPx74wxjY641N9MlmCyRr4Q0-WI0sSC13rj94cDkdYAnPFtrA7IQuqf7syhAFc57Hs4f4g/s200/10365198.jpeg" width="167" /></a><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Nascido em São Cristóvão e criado em Vila Isabel, ambos bairros tradicionais da zona norte, Nássara produziu, entre um chope e outro, um importante legado artístico. Compôs exatas 235 músicas, todas com parceiros da pesada, como Noel Rosa, Wilson Baptista, Lamartine Babo, Mário Lago, Ari Barroso. Mas </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">celebrizou</span></span><span style="font-size: small;">-se mesmo por suas ilustrações, publicadas nos mais importantes jornais e revistas do Rio. Seus traços fortes, porém minimalistas, registraram os personagens da cidade: políticos, escritores, sambistas, gente do povo. Não era preciso olhar duas vezes para seus desenhos para identificar o homenageado – ou a vítima. “Ele capturava, com linhas fortes, a alma frágil de quem estivesse desenhando”, </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">define </span></span><span style="font-size: small;">o j</span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">ornalista</span></span><span style="font-size: small;"> Ruy Castro.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: medium;"><b>Primeiro jingle da história</b></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Nássara sempre gostou de desenhar. Aos 17 anos, passou a trabalhar como ilustrador do jornal </span><span style="font-size: small;"><i>O Globo</i></span><span style="font-size: small;">. Logo depois entraria na Escola de Belas Artes, curso que abandonaria no quarto ano. Já não dava conta das ilustrações que tinha de entregar, a essa altura em </span><span style="font-size: small;">vários outros veículos.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBppijcJGzvdR31bZjbBZn4nmaKKMaOb_rqqI3zb1sT5YJn5KEEYOk-qffLnjaxKuuSi8_tEdn7AvoNlZccXySguVrg-EGoOQ12ky3bFqcMhvuXG_xXGkLgejk5cxYLlOjGrtasQ/s1600/livros10.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBppijcJGzvdR31bZjbBZn4nmaKKMaOb_rqqI3zb1sT5YJn5KEEYOk-qffLnjaxKuuSi8_tEdn7AvoNlZccXySguVrg-EGoOQ12ky3bFqcMhvuXG_xXGkLgejk5cxYLlOjGrtasQ/s200/livros10.jpg" width="168" /></a></div><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Além dos desenhos, também tornou</span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">-se</span></span><span style="font-size: small;"> locutor do</span><span style="font-size: small;"><i> Programa do Casé</i></span><span style="font-size: small;">, o mais importante programa de música da rádio carioca. Já começou inovando ao criar o primeiro jingle da história do rádio brasileiro:</span><span style="font-size: small;"><i> Ó padeiro desta rua / Tenha sem</i></span><span style="font-size: small;"><i>pre na lembrança / Não me traga outro pão / Que não seja o pão Bragança</i></span><span style="font-size: small;">.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Para anunciar um laxante e não chocar a “tradicional família carioca” – e nem a censura, que encrencava com anúncios dessa natureza –, saiu-se com a historinha: “Um casal de noivos brigou. Ele, arrependido, resolveu fazer as pazes, mas a moça estava irredutível. Conversou com a futura sogra, que o aconselhou que presenteasse a filha com algo de valor. Comprou-lhe, então, uma j</span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">o</span></span><span style="font-size: small;">ia caríssima. E não fez efeito. Deu-lhe um casaco de peles. Mas não fez efeito. Então, lembrou de dar a ela um vidro de Manon Purgativo... Ahhh! Fez efeito! Manon Purgativo, à venda em todas as farmácias e drogarias.”</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" lang="en-US" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: medium;"><b>Alalaô</b></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">A composição musical começou a tomar papel importante </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">na vida de Nássara </span></span><span style="font-size: small;">a partir de 1932, ao emplacar nas rádios a música Formosa, em parceria com J. Rui. Outras grandes canções surgiriam nas décadas seguintes, principalmente marchinhas. </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">A que</span></span><span style="font-size: small;"> causou mais comoção foi a marchinha Alalaô, composta em parceria com Haroldo Lobo, que contou com uma genial orquestração de Pixinguinha. Os versos </span><span style="font-size: small;"><i>Alalaô / Mas que calor / Atravessando o deserto do Saara</i></span><span style="font-size: small;">... </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">foram </span></span><span style="font-size: small;">o maior </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">estouro</span></span><span style="font-size: small;"> do carnaval de 1941. E de todos que viriam pela frente.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7bG8erIiRB9-b8o7bjVVBpoCmV2h9tEpyULLFtf_65L_oHzQyjTH1vrD8DmZwFOXVhMuxNYWDz-ZRLP64GTxt3sTy2JvSJoTXDJEr-DiulTjAryNPYzLgKcYtc9k3Yjcq-HAhfg/s1600/Get%25C3%25BAlioN%25C3%25A1ssara.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="144" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7bG8erIiRB9-b8o7bjVVBpoCmV2h9tEpyULLFtf_65L_oHzQyjTH1vrD8DmZwFOXVhMuxNYWDz-ZRLP64GTxt3sTy2JvSJoTXDJEr-DiulTjAryNPYzLgKcYtc9k3Yjcq-HAhfg/s200/Get%25C3%25BAlioN%25C3%25A1ssara.gif" width="200" /></a></div><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Outros sucessos surgiriam: Retiro da Saudade (com Noel Rosa), Mundo de Zinco (com Wilson Baptista), Quem Não Chora Não Mama (com Roberto Martins). Apesar disso, sugeria que tratava a música como um hobby. “Eu não me considero compositor. Eu fiz música, é diferente. Não tenho nem um décimo da força de Noel Rosa”, afirmava, modestamente.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Aos poucos, foi se afastando das músicas e das ilustrações. Mas nunca dos bares e da boêmia. Havia quem disputasse a cadeira mais perto de Nássara para ouvir suas histórias, sempre surpreendentes. “Ele tem um bom humor contagiante, boa educação inata, o irresistível amor pela noite. Tem também o bate</span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">-</span></span><span style="font-size: small;">papo colorido no qual as palavras, arrumadas com maestria e propriedade, jamais repetem as mesmas histórias”, exaltou Joel Silveira.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: medium;"><b>Inventor do Rio</b></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">A carreira de Nássara</span></span><span style="font-size: small;"> ganharia novo fôlego em 1976, ao ser convidado para fazer parte da equipe de </span><span style="font-size: small;"><i>O Pasquim</i></span><span style="font-size: small;">. </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">Era o l</span></span><span style="font-size: small;">ugar ideal para seus traços – num tempo em que a imprensa começava a se tornar mais carrancuda, com menos espaço para experimentalismos. Se antes retratava Noel Rosa, Getúlio Vargas, Mário Lago, agora </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">punha no papel</span></span><span style="font-size: small;"> Martinho da Vila, Pelé, Paulinho da Viola.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">A partir dos anos 1980, passou a trabalhar menos, até por uma gradativa perda de audição. Mas não perdia o bom humor. “Em Nássara nunca dará cupim”, profetizou Ari Barroso décadas antes.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijAi4TM-VAROMcbxlL6TpGtBG7O8qCdqCRvhpDpV7V-EE4bO4otR8sWcljuDLaXh9hMmx33OA_00jZLDd6qAzQN7Q3Z58hhoI6Gix1FlwCd2Uv7WTz5tDwc5NgDrYHbVKUaPEgiw/s1600/b-fx21nassara.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="187" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijAi4TM-VAROMcbxlL6TpGtBG7O8qCdqCRvhpDpV7V-EE4bO4otR8sWcljuDLaXh9hMmx33OA_00jZLDd6qAzQN7Q3Z58hhoI6Gix1FlwCd2Uv7WTz5tDwc5NgDrYHbVKUaPEgiw/s200/b-fx21nassara.jpg" width="200" /></a></div><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Em 1996, aos 85 anos, ainda ilustrou o delicado livro infantil </span><span style="font-size: small;"><i>Moça Perfumosa, Rapaz Pimpão</i></span><span style="font-size: small;">, de Daniela Chindler. Mas não viu o resultado. Morreu em casa, em </span><span style="font-size: small;"><b>11 de dezembro de 1996</b></span><span style="font-size: small;">, vítima de enfarte. “A gente é que nem lâmpada. Um dia apaga”, disse a amigos, poucos meses antes da morte.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Dos </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">tais </span></span><span style="font-size: small;">bons cariocas em extinção </span><span style="font-size: small;"><span lang="en-US">a que um dia se referiu</span></span><span style="font-size: small;">, foi o último a se despedir da Cidade Maravilhosa. Mas já havia deixado uma herança. “De uma certa maneira, o Rio é uma invenção de Nássara, Orestes Barbosa e Noel Rosa. Inventores também do papo-furado, foram se distraindo e a cidade cresceu em volta deles”, escreveu Millôr Fernandes.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Assista ao delicioso Ensaio com Nássara, de 1975.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Garamond, serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Garamond, serif;"><span style="font-size: small;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/UJMOmiCEDE0" width="420"></iframe></span></span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-37744444868643109282011-12-24T16:03:00.000-02:002011-12-24T16:03:17.751-02:00"Felicidade é brinquedo que não tem"<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">No fim dos anos 1920, o baiano Assis Valente decidiu mudar-se para o Rio. Talentoso e vaidoso, na cidade encontrou o que sempre quis: reconhecimento público, após compor alguns sambas entoados pelas cantoras mais importantes da cidade. Só que trazia em si um sentimento de solidão sem fim. E sentiu esta desesperança mais intensamente na noite de Natal de 1932. Sozinho no quarto, longe da família, viu uma imagem de uma menina com os sapatinhos sobre a cama, esperando o presente de Papai Noel. Foi o suficiente para nascer uma das músicas mais amarguradas de seu repertório - e inaugurar o gênero natalino na música brasileira. “Boas Festas é o melhor dos meus sambas”, diria anos mais tarde.</div><br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/xn4krF81qG8" width="420"></iframe>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-68980127132048235852011-12-20T06:20:00.004-02:002011-12-20T06:32:10.480-02:00Apesar deles, o Brasil cantouO verão no Rio estava quentíssimo. Mas, estranhamente, a previsão do tempo do Jornal do Brasil do dia 14 de dezembro de 1968 indicava: “Tempo negro. Temperatura sufocante. O ar está irrespirável. O país está sendo varrido por fortes ventos”. <br />
<br />
O Ato Institucional nº 5 havia entrado em vigor no dia anterior, o que, na prática, fechava o Congresso, cassava mandatos políticos e suspendia garantias constitucionais. Começava a se desenhar a faceta mais perversa e totalitária do regime militar. Quase que instantaneamente os órgãos de imprensa foram invadidos por censores. Vários jornais, que até então se sentiam com alguma liberdade para noticiar, tiveram as edições recolhidas.<br />
<br />
Não raro, os editores eram levados de camburão. Políticos, artistas e estudantes eram presos ou fugiam para o exílio. O regime, definitivamente, havia endurecido. Sem sombra de ternura.<br />
<br />
Nas reuniões governamentais que decidiram pela medida, a voz corrente era que, se tivessem que implantar uma ditadura de fato para conter a “contra-revolução”, que assim se fizesse. O presidente Costa e Silva finalizou: “Eu confesso que é com verdadeira violência aos meus princípios e ideias que adoto uma medida como esta”. <br />
<br />
O militar acreditava que o AI-5 duraria “de oito a nove meses”. Durou dez anos. Tempo suficiente para censurar 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 letras de música e o mesmo número de livros. Mesmo com a proibição, porém, houve canções que entraram definitivamente no gosto popular e outras que escaparam dos olhos pouco inteligentes dos censores. Só mais tarde descobririam que calar melodias seria a mais inútil das missões. E o País cantou.<br />
<br />
<br />
Chico Buarque prometia que, apesar deles, amanhã seria outro dia.<br />
<br />
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/R7xRtSUunEY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
Paulo César Pinheiro, em parceria com Maurício Tapajós, desafiava: Você me corta um verso / Eu escrevo outro.<br />
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/85CyHofBbCY" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
Belchior e Toquinho foram acusados de exaltar a França em detrimento ao Brasil.<br />
<iframe width="560" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/GFNBKQ6yqiw" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
Odair José desagradou o moral vigente.<br />
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Hgdt05KX4MU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
As famílias cearenses consideraram Genival Lacerda indecente.<br />
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/1m7tGHIpmrs" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
E quando a situação começou a melhorar, João Bosco e Aldir Blanc lembraram o quão choraram Marias e Clarices.<br />
<iframe width="420" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/VVLX4i5cNNU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-19003671632848424112011-11-30T11:30:00.013-02:002011-11-30T13:36:35.366-02:00Insatisfacão de Ari Barroso valia ingresso<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQBljxa3oYtmJHJNuLcLEVIDuKorkpZ4pk-MgjNC04WYH4Sii-1dSG2epVvY17k9FBfmVC2FR4vQ_yk4Iast6e-OkivPRl_3DPOkFc_hbpXmPWyWiv9IzqKdb5hYkr_LZAI98GBg/s1600/Ary+Barroso.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="397" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQBljxa3oYtmJHJNuLcLEVIDuKorkpZ4pk-MgjNC04WYH4Sii-1dSG2epVvY17k9FBfmVC2FR4vQ_yk4Iast6e-OkivPRl_3DPOkFc_hbpXmPWyWiv9IzqKdb5hYkr_LZAI98GBg/s400/Ary+Barroso.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br />
</td></tr>
</tbody></table><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2o8T1OCCH2MAfY14uCW_FcXFQUORyPGfbgSD3zeJBNZGvLVnpFQKMD_6SE35lPqv0EXiHC9jJIStbgUJbwjmR3GGImut6xnYuZzesKSG7QUql2WzEaUxH7NFb57VlDnsNotTxiA/s1600/ari-barroso-flamenguista.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2o8T1OCCH2MAfY14uCW_FcXFQUORyPGfbgSD3zeJBNZGvLVnpFQKMD_6SE35lPqv0EXiHC9jJIStbgUJbwjmR3GGImut6xnYuZzesKSG7QUql2WzEaUxH7NFb57VlDnsNotTxiA/s1600/ari-barroso-flamenguista.png" /></a><span style="color: black; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 15px; text-align: -webkit-left;"><span style="font-size: small;">Ari Barroso foi locutor esportivo no início dos anos 1930, mas para ele imparcialidade era conversa pra boi dormir. Ari não tinha pudor algum de mostrar sua preferência pelo Flamengo.</span></span><span style="color: black; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 15px; text-align: -webkit-left;"><span style="font-size: small;"> Se houvesse uma falta perigosa contra o time da Gávea, soltava ao microfone: “Falta perigosíssima contra o Flamengo! Não vou olhar!”. Mas se o gol era de sua equipe do coração, tocava alegremente uma gaitinha, para a irritação dos torcedores adversários.</span></span><br />
<div style="text-align: -webkit-left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 15px;"><span class="Apple-style-span" style="color: white;">.</span></span></div><div style="text-align: -webkit-left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 15px;">Certa vez, anos mais tarde, o Flamengo ia tomando uma acachapante goleada de 6 a 0 do Bangu, no Maracanã. Faltava pouco para a acabar a partida quando um cidadão quis comprar uma entrada para o jogo. O rapaz do guichê explicou que a partida estava no fim. "Eu sei", respondeu". "Só quero ver a cara do Ari Barroso".</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; line-height: 15px;"><br />
</span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-59750031722915741092011-11-23T15:22:00.004-02:002011-11-23T15:25:36.555-02:00Café paulista, leite mineiro<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">A República Velha se caracterizou pela Política do Café com Leite. Conchavos políticos garantiam que os ricos cafeicultores paulistas e os poderosos produtores de leite de Minas Gerais se revezassem no posto de presidente da República. Com apenas duas exceções – o gaúcho Hermes da Fonseca e o paraibano Epitácio Pessoa –, foi o que aconteceu de 1898 a 1930.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Em 1926, ao compor Café com Leite, Freire Júnior usou a culinária para explicar a prática. A letra dizia que o “mestre cuca” – ou seja, o presidente do momento – convocava os “cozinheiros”, que seriam os representantes dos estados, para fazer uma “boia bem escolhida”.</span></span><br />
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">O resultado era sempre o mesmo: <i>Café paulista / Leite mineiro / Nacionalista / Bem brasileiro</i>.</span></span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Eis a letra:</span></span></div><table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTAVuSFRX22U0hMiY5rjclNoTm-HN05KII9C8FtEQyqUF5qGD6Bh1BKE-dDP7v_bRVqbZPbaaD45GnhOXhb4wNwujsNiNdb45acnq5hdCy49QhqisZcHWArQMm9R1yB5g_VdrIXg/s1600/FreireJunior.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTAVuSFRX22U0hMiY5rjclNoTm-HN05KII9C8FtEQyqUF5qGD6Bh1BKE-dDP7v_bRVqbZPbaaD45GnhOXhb4wNwujsNiNdb45acnq5hdCy49QhqisZcHWArQMm9R1yB5g_VdrIXg/s320/FreireJunior.jpg" width="209" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Freire Júnior</span></td></tr>
</tbody></table><div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div class="western" style="border-bottom-style: none; border-color: initial; border-left-style: none; border-right-style: none; border-top-style: none; border-width: initial; margin-bottom: 0cm; padding-bottom: 0cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><em><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Nosso Mestre Cuca movimentou<br />
O Brasil inteiro,<br />
Cada um estado pra cá mandou<br />
O seu cozinheiro.<br />
Mexeu-se a panela, fez-se a comida<br />
Com perfeição.<br />
Assim foi a bóia, bem escolhida<br />
Com precaução<br />
<br />
Café paulista,<br />
Leite mineiro,<br />
Nacionalista<br />
Bem brasileiro.<br />
<br />
Preto com branco,<br />
Café com leite,<br />
Cor democrata.<br />
É preto com branco,<br />
Meu bem, aceite.<br />
Cor da mulata.<br />
O leite é bem grosso, café é forte<br />
Aguenta a mão.<br />
As novas comidas têm que dar sorte<br />
Na situação<br />
<br />
Café paulista</span></span></em></div><div class="western" style="border-bottom-style: none; border-color: initial; border-left-style: none; border-right-style: none; border-top-style: none; border-width: initial; margin-bottom: 0cm; padding-bottom: 0cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><em><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Leite mineiro</span></span></em></div><div class="western" style="border-bottom-style: none; border-color: initial; border-left-style: none; border-right-style: none; border-top-style: none; border-width: initial; margin-bottom: 0cm; padding-bottom: 0cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;"><em><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Nacionalista</span></span></em><br />
<em><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Bem brasileiro.</span></span></em></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-32356357481990496822011-11-09T14:55:00.012-02:002011-11-09T15:13:16.681-02:00"Teu mal é comentar o passado..."Um amor conturbado e sambas inesquecíveis. Dalva de Oliveira e Herivelto Martins eram casados, mas viviam em pé de guerra. Quando se separaram oficialmente, em 1949, as discussões passaram a ser públicas. Herivelto ia a jornais acusar Dalva de promover orgias em casa, enquanto a mulher dizia o quanto Herivelto a fazia infeliz. A coisa ficou quente mesmo quando a peleja se tornou músicas. E que músicas.<br />
<br />
A briga pública começou quando Dalva cantou Errei, Sim, encomendada a Ataulfo Alves especialmente para provocar o ex-marido: <i>Errei, sim / Manchei teu nome / Mas foste tu o culpado / Deixava-me em casa / Me trocando pela orgia / Faltando sempre / Com a tua companhi</i>a.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu6dBtcnbgZhbYk7sDKnytJis-wj1eEShAJPRLMMZo3Lfkl0j9IR_OkFQDAwHC5lcNBP0ZHqbzB1bzAMMWGB4XKGA844lexVSKwj_c_dKRncd_hHYL-nHtVDQ1_-boOfdsYR53Rg/s1600/dalvaheri.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="130" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu6dBtcnbgZhbYk7sDKnytJis-wj1eEShAJPRLMMZo3Lfkl0j9IR_OkFQDAwHC5lcNBP0ZHqbzB1bzAMMWGB4XKGA844lexVSKwj_c_dKRncd_hHYL-nHtVDQ1_-boOfdsYR53Rg/s200/dalvaheri.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><br />
</td></tr>
</tbody></table>Em resposta, Herivelto compôs Cabelos Brancos: <i>Não falem desta mulher perto de mim (…) Por ela vivo aos trancos e barrancos / Respeitem ao menos os meus cabelos brancos</i>. A provocação mútua não pararia, para deleite dos ouvintes-fãs-fofoqueiros.<br />
<br />
Ainda foram criadas, para Dalva cantar, Fim de Comédia, de Ataulfo Alves, e Que Será, de Rossini Pinto. Herivelto respondeu com mais dois sambas: Caminhemos (para mim, a mais bonita de todas) e Segredo. Ironicamente, neste último, exige mais discrição por parte da ex-amada: <i>Teu mal é comentar o passado / Ninguém precisa saber o que houve entre nós dois</i>…<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/PXjHchA3xDg" width="420"></iframe>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-45389183668926641282011-10-20T18:16:00.004-02:002011-10-20T18:55:36.328-02:00A tal da "casa muito engraçada" existe mesmo<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, Tahoma, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 15px;"><em>Era uma casa muito engraçada / Não tinha teto, não tinha nada.</em> Os versos de Vinicius de Moraes musicados por Toquinho para o disco infantil <em>A Arca de Noé</em>, de 1980, são conhecidos por todos. Mas pouca gente sabe como era o fim original de <em>A Casa</em>, não gravado em disco:<em> Mas era feita com pororó / Era a casa de Vilaró.</em><br />
<br />
Vilaró é o artista uruguaio Carlos Páez Vilaró. E a “casa muito engraçada”, a Casapueblo, sua mais suntuosa obra. Em 1958, o artista plástico, cineasta e escritor – ou, como ele se define, “um fazedor de coisas” – construiu uma pequena casa de lata em Punta Ballena, no litoral uruguaio, pertinho de Punta del Este. Aos poucos, foi erguendo novas estruturas e cômodos, sempre em linhas arredondadas. Depois pintou tudo de branco, “para interagir com o azul do céu”, disse.<br />
<br />
Vinicius, que por um tempo foi embaixador do Brasil no Uruguai, era amigo de Vilaró e presença constante na Casapueblo. Uma manhã, para agradar as filhas do artista, começou a improvisar a trova infantil: <em>Era uma casa muito engraçada...</em> Gostou do resultado e, mais tarde, com algumas aparafusadas, saiu a poesia. E a música.<br />
<br />
Até hoje a casa continua a ser construída. Vilaró mora na parte mais alta da edificação, que também funciona como hotel e restaurante. Todos os mais de 70 quartos são batizados com os nomes de seus primeiros hóspedes: Pelé, Alain Delon, Brigitte Bardot, Robert de Niro. Além do quarto Vinicius de Moraes, é claro.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, Tahoma, Verdana, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 15px;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; color: #333333; font-family: Arial, Helvetica, Tahoma, Verdana, sans-serif; font-size: x-small; line-height: 15px;"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/OA671yuoU6Y" width="420"></iframe></span>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-57540933804889924122011-10-18T14:53:00.005-02:002011-10-18T14:56:56.145-02:00“Bota o retrato do velho”<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><span style="font-size: small;">Em 1950, não houve canto do Brasil que não tivesse ouvido a marchinha cantada magistralmente por Francisco Alves: </span><span style="font-size: small;"><i>Bota o retrato do velho outra vez / Bota no mesmo lugar / O sorriso do velhinho faz a gente trabalhar</i></span><span style="font-size: small;">.</span></span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">A música referia-se a uma prática comum quando Getúlio era presidente, durante o Estado Novo, que era cada repartição pública ter uma foto do mandatário na parede. Ele buscava voltar ao poder em 1950, agora por meios democráticos, e a canção de Haroldo Lobo e Marino Pinto foi usada como uma espécie de jingle político. Deu certo, e o gaúcho bateu o adversário Eduardo Gomes.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;"><br />
</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Apesar do sucesso, Getúlio ouvia a canção a contra-gosto. É que ele detestava ser chamado de velho.</span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Garamond, serif;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: Garamond, serif;"><span style="font-size: small;"><a href="http://www.youtube.com/watch?v=Y8MwBvZ5sL4"><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/Y8MwBvZ5sL4" width="420"></iframe></a></span></span></div>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20052070.post-33716174302846470722011-09-12T15:07:00.001-03:002011-09-12T15:08:42.754-03:00Noel compôs baixaria para taxista-cantor<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK_jyHdgKufOFG2221y4Mo6CbSmbl-ppuPHr04IoncMm_Nx5jXGgIvOiqophlsfAIu0eviPD5OoUJ8MuNB3Vps1OMoaGjBEmtEDi1_SXTNtAGlAfDbH1bOpcf-OX5lbPS2TPCO7A/s1600/noel_rosa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="217" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiK_jyHdgKufOFG2221y4Mo6CbSmbl-ppuPHr04IoncMm_Nx5jXGgIvOiqophlsfAIu0eviPD5OoUJ8MuNB3Vps1OMoaGjBEmtEDi1_SXTNtAGlAfDbH1bOpcf-OX5lbPS2TPCO7A/s320/noel_rosa.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Noel Rosa por Elifas Andreato</td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, Tahoma, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;">O sambista Noel Rosa costumava varar noites e noites em rodas boêmias no centro do Rio. No comecinho dos anos 1930, conheceu por lá um taxista (ou chofer, como se dizia à época) chamado Malhado, que também era metido a músico. Malhado gostava de cantar no estilo operístico, com letras rebuscadas, quase parnasianas, que muitas vezes não sabia o que queriam dizer.<br />
<br />
Depois de muitas viagens com Malhado, tendo que suportar seus dós de peito, Noel resolveu pregar uma peça no chofer. Escreveu uma música para que Malhado pudesse mostrar seus dotes a duas moças lindas, filhas de um coronel de Vila Isabel. No dia marcado, e depois de algum ensaio, os dois se encontraram para a serenata. Noel disse que tocaria violão do outro lado da rua, para dar o destaque que a voz de Malhado merecia. Ao som das primeiras dedilhadas, Malhado soltou a voz, lendo num papel a letra escrita pelo companheiro: </span><span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, Tahoma, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;"><i>Saí da tua alcova com o prepúcio dolorido / Deixando seu clitóris gotejante / De volúpia emurchecido / Porém, o gonococos da paixão / Aumentou minha tensão</i>...</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white; font-family: Arial, Helvetica, Tahoma, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; line-height: 15px;"><br />
O coronel, claro, não gostou nada da letra pornográfica dedicada a suas filhas. Surgiu na janela já de arma em punho. Malhado correu em disparada. Depois de algumas quadras, encontrou o Poeta da Vila. Esbaforido e assustadíssimo, exclamou: “Não entendi nada, o coronel saiu atirando”. E Noel, sem perder a pose: “Isso é pra você ver o que é a falta de sensibilidade dessa gente...”.</span>Bruno Hoffmannhttp://www.blogger.com/profile/08597290022420152089noreply@blogger.com2