2 de junho de 2009

Dinheiro que é bom...

Vida de sambista não é fácil até hoje. Que dirá nos anos 1960. Cartola já havia se consagrado como fundador da Mangueira e um dos mais importantes compositores da escola. Era respeitado por gente como Noel Rosa, Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Villa-Lobos. Mas toda essa credibilidade não se revertia em conforto na vida econômica. A foto ao lado mostra Cartola, já perto dos 60 anos, trabalhando como contínuo no Ministério da Indústria e Comércio. A principal função de um dos mais extraordinários nomes da música brasileira: servir cafezinho.

Cartola estreou a bordo de um navio. Sem pagamento.

E o artista também não viu a cor do dinheiro em sua estreia fonográfica, 30 anos antes. Como parte da Política de Boa-Vizinhança norte-americana, o inglês radicado nos Estados Unidos Leopold Stokowski atracou o seu navio no Rio de Janeiro em 1940. A missão: registrar a mais legítima música brasileira.

Para tal, pediu ao maestro Villa-Lobos que reunisse artista de samba, batucada, marchas de rancho, macumba e embolada.

.E assim fez Villa-Lobos. A gravação foi feita a bordo do próprio navio. E até o capitão foi espiar. Não era para menos: durante oito horas consecutivas passaram pelos microfones Donga, Pixinguinha, Dona Neuma, Zé da Zilda, Jararaca e Ratinho, João da Baiana. Além de Cartola, que mandou Quem me Vê Sorrindo: Quem me vê sorrindo / Pensa que estou alegre / O meu sorriso é por consolação / Porque sei conter para ninguém ver / O pranto do meu coração...

Estavam prontos os dois álbuns de Native Brazilian Music. O pagamento dos artistas? Estusiasmados cumprimentos... Muitos sequer ouviram a gravação. O disco nunca foi lançado no Brasil.

3 comentários:

Anônimo disse...

É normal ele ter sido pedreiro quando mais novo.. Mas esse genio nao ter notoriedade ja com 60 anos é duro. Que país estranho.

Liana disse...

Meninos, eu fui!

Fui ao bar do Cartola quando ele abriu na Vila Zelina. Confesso que vivi, e bem mais que o bar que faliu em pouco tempo!

Liana Hoffmann disse...

Muito antes de você nascer, Bruno Hoffmann. Respeite meus cabelos com luzes!