10 de abril de 2011

"Desculpa, Marina morena, mas eu tô de mal..."

Uma das mais comoventes músicas de Dorival Caymmi é o samba-canção Marina. A letra – meio machista, é verdade – narra a história de uma mulher que abusou da maquiagem a contragosto do amado. O companheiro então passa um sermão (quem dera todo sermão de marido ciumento fosse igual a esse), e termina com uma sentença fascinante: Desculpa, Marina morena, mas eu tô de mal.

Esse trecho sempre me chamou a atenção pela originalidade e pela docilidade, coisa rara em outros sambas. Outro dia descobri de onde veio a ideia. E não tem nada a ver com mulher. Numa tarde, Dorival estava indo para a rádio, e, por qualquer motivo, um dos filhos (talvez Dori) estava bravo com ele. O compositor mesmo assim seguiu para a rádio, quando o menino disparou: “Estou de mal”. A frase com cara aborrecida do filho ficou em sua cabeça.

À caminho da emissora, Dorival não pensava em outra coisa. É ele mesmo que narra: “Na rua, essa frase ficou martelando na minha cabeça: ‘Estou de mal, estou de mal, estou de mal…’. Enquanto ia à rádio, comprava umas coisas, andava nas ruas, a melodia e a letra foram se compondo em minha cabeça”. Ao fim do dia o clássico – que pode ser conferido no vídeo abaixo – estava pronto.

4 comentários:

Anônimo disse...

Bruno, sigo você no twitter e sinto um pouco de nojo de suas várias manifestações de repúdio a racistas (quanto mais a quase-racistas). Ok, a gente já sabe, você é bonzinho, atenha-se ao samba.

Bruno Hoffmann disse...

Blz, L.

Lia Vainer Schucman disse...

O melhor e mais sensível do Bruno é quando ele discute racismo !

Anônimo disse...

Bruninho, por que você não cria um Formspring? Ia ser o máximo.