7 de fevereiro de 2011

Com duas músicas, João Gilberto uniu a bossa nova

Festa na casa da família Menescal, Rio de Janeiro, 1957. Champanhe e rodas de bate-papo rolam na sala quando se ouve a campainha. Pensando tratar-se de mais um convidado, o jovem Roberto Menescal, então com 19 anos, atende a porta. Depara-se com um completo desconhecido: “Você tem um violão aí? Podíamos tocar alguma coisa.” O rapaz ficou sem reação, e o sujeito completou: “Eu sou João Gilberto. Quem me deu seu endereço foi seu professor de violão.”

Menescal, então um violonista promissor, já tinha ouvido falar do baiano “meio louco, genial, afinadíssimo”. Convidou-o para o quarto do fundo. Postado num canto, João empunhou o instrumento e fez soar os primeiros acordes. Até que soltou a voz: É amor / hô-bá-lá-lá...

O dono da casa ficou em estado de êxtase. Achou espetacular a maneira como a mão direita passeava pelas cordas. E a capacidade vocal, então? A voz soava como instrumento de alta precisão, ao mesmo tempo em que o canto surgia suave, natural, quase falado. Sem os pais perceberem, pegou João pelo braço e levou-o para conhecer Ronaldo Bôscoli, um de seus parceiros musicais. Mais apresentações, agora com a inclusão de Bim-Bom. Outro jovem boquiaberto. Segundo Ruy Castro em Chega de Saudade, o grupo varou a madrugada - inclusive no famoso apartamento de Nara Leão - e parte do dia seguinte de casa em casa. Ninguém dormiu.

Naquele momento começava a se formar o que seria conhecida como “a turma bossa nova”, todos seguidores desse novo mestre. Um ano depois, com a gravação do LPChega de Saudade, era a vez de o mundo todo conhecer a genialidade de João Gilberto.

2 comentários:

Junia Carvalho disse...

Oi, tem dica de bom samba em São Paulo, onde se possa ir sozinha?

Bruno Hoffmann disse...

Junia, o Ó do Borogodó, na Vila Madalena, abre todo dia e é bem tranquilo ir sozinha.