Noel Rosa por Elifas Andreato |
Depois de muitas viagens com Malhado, tendo que suportar seus dós de peito, Noel resolveu pregar uma peça no chofer. Escreveu uma música para que Malhado pudesse mostrar seus dotes a duas moças lindas, filhas de um coronel de Vila Isabel. No dia marcado, e depois de algum ensaio, os dois se encontraram para a serenata. Noel disse que tocaria violão do outro lado da rua, para dar o destaque que a voz de Malhado merecia. Ao som das primeiras dedilhadas, Malhado soltou a voz, lendo num papel a letra escrita pelo companheiro: Saí da tua alcova com o prepúcio dolorido / Deixando seu clitóris gotejante / De volúpia emurchecido / Porém, o gonococos da paixão / Aumentou minha tensão...
O coronel, claro, não gostou nada da letra pornográfica dedicada a suas filhas. Surgiu na janela já de arma em punho. Malhado correu em disparada. Depois de algumas quadras, encontrou o Poeta da Vila. Esbaforido e assustadíssimo, exclamou: “Não entendi nada, o coronel saiu atirando”. E Noel, sem perder a pose: “Isso é pra você ver o que é a falta de sensibilidade dessa gente...”.
2 comentários:
Já tinha lido, reli agora. Texto muito interessante e bem escrito, como de costume. E a ilustra é linda demais, seu chefe manda bem mesmo rs =)
Viciei em seu blog.
Poste mais, poste mais.
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