Sempre citam as metáforas escondidas por trás das letras do Chico Buarque. “Maninha”, “Apesar de Você”, “Cálice”, “Acorda, Amor” (essa é um pouco mais direta), “Roda Viva”, para ficar nas clássicas que se referem nas entrelinhas à ditadura brasileira.
Mas li uma teoria que nunca havia percebido. Que “A Rita” também se refere aos militares.
O sujeito que defende essa tese afirma que os versos são claros:
“A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais”
Ele ainda destaca que essa referência fica mais clara nos últimos versos:
"Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão"
(Deixar mudo o violão: a censura)
Ele também escreve isso aí abaixo, que sequer ouvindo essa música por 20 anos perceberia sozinho:
"’Levou seu re(tr)ato, seu (tr)apo, seu (pr)ato’ que concorda com (tr)ai. O som que emite a metralhadora ‘trrrrrrrr’”.
Bem, na verdade faz todo o sentido e faz sentido nenhum. O que me parece é que as músicas do Chico são como horóscopo de jornal. É possível dar a interpretação que quiser. E todas estarão certas.
13 de janeiro de 2006
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3 comentários:
'Angélica' é a música mais triste do Chico. Bem mais que 'Pedaço de Mim'. A socialite fútil que acorda pro mundo com o desaparecimento do filho e enfrenta o mundo para achá-lo, sem mais medo de nada e que 'canta sempre o mesmo arranjo'. Ah, vai sair filminho sobre a Zuzu este ano!
Beijos!
E não são assim todos os textos? Esse é o fascínio das palavras: determinam, mas não determinam.
Pessoalmente, achei genial a interpretação e sim, faz muito sentido mesmo.
Acredito que de qualquer maneira, a música fala sobre abuso, alguém fazendo muito mau uso do poder que lhe foi conferido. Se a natureza desse poder é metafórica no texto, parece mesmo uma discussão sem fim...
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