
O status quo força as pessoas, de qualquer atividade, a serem pragmáticas. Sem perda de tempo, sem criatividade desnecessária, sem atitudes polêmicas. E é exatamente esta a figura do camisa 22 do Milan e o maior símbolo esportivo brasileiro deste way of life. Bom menino, evangélico, objetivo, ótima relação custo-benefício a seu empregador e fiel pagador de seus impostos. No mundo corporativo, seria definido como “jovem executivo, dinâmico e pró-ativo”, como as empresas tentam enquadrar (ou idiotizar) seus funcionários.
Enquanto isso, verdadeiros gênios do futebol, como Alex (do Fenerbahçe), Messi (Barcelona), Cristiano Ronaldo (Manchester) e Valdívia (Palmeiras) são colocados em segundo plano. Estes, certamente, não passariam em dinâmicas de grupo de empresas.
Arena multiuso?
Outra coisa irritante é a nova moda de usar o termo “arena multiuso”. O Atlético-PR diz que já tem e o Palmeiras promete construir a sua. Sendo claro: arena multiuso não passa de um estádio com lojinhas. É desnecessário esse nome tão moderno quanto imbecil. Enfiam essa linguagem rebuscada goela abaixo, e em poucos minutos o povo sai repetindo igual papagaio: “Também quero uma arena multiuso”. Estádio é estádio, como nos bons tempos em que futebol era futebol. Só espero que não adotem como oficial a terminologia “soccer”. Do jeito que as coisas estão, não é nada impossível.